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Oposição síria aceita ir às negociações de Genebra

A oposição havia expressado certa reserva em participar das negociações devido à falta de avanços na ajuda humanitária e às violações da trégua


	Oposição síria: "O Alto Comitê de Negociações aceita ir a Genebra. Está previsto que a delegação chegue na sexta-feira"
 (Toby Melville/Reuters)

Oposição síria: "O Alto Comitê de Negociações aceita ir a Genebra. Está previsto que a delegação chegue na sexta-feira" (Toby Melville/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 7 de março de 2016 às 11h21.

A oposição síria aceitou ir a Genebra, onde acontecem as negociações para acabar com cinco anos de guerra, após constatar "progressos" no terreno, onde uma trégua se mantém há dez dias.

As negociações, previstas para o final de semana sob os auspícios da ONU, serão as primeiras desde a entrada em vigor, em 27 de fevereiro, do acordo para uma cessação das hostilidades assinado entre os Estados Unidos e a Rússia.

"O Alto Comitê de Negociações (ACN) concorda em ir para Genebra. A delegação deve chegar na sexta-feira", indicou Riad Naassan Agha, porta-voz do ACN, que reúne os mais importantes grupos da rebelião e oposição sírias.

O enviado da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, tinha inicialmente definido quinta-feira como o dia para o início destas negociações indiretas.

O regime de Bashar Al-Assad ainda não anunciou a data da chegada ou a composição da sua delegação.

Trégua mantida

Nos últimos dias, a oposição havia manifestado algumas reservas quanto a sua participação nas negociações em razão, segundo seus porta-vozes, da falta de progressos no fornecimento de ajuda humanitária e das violações da trégua por parte do regime.

"Temos notado uma diminuição clara nas violações do cessar-fogo nos últimos dias e um avanço no que diz respeito à ajuda humanitária", particularmente nas cidades sitiadas, disse Riad Naassan Agha.

"Constatamos que há uma pressão internacional sobre todas as partes, nomeadamente sobre a Rússia e o regime de respeitar a trégua", declarou o porta-voz.

"O esforço talvez não seja completo, mas é real e esperamos continuar nos próximos dias", acrescentou.

Mesmo Moscou anunciou nesta segunda-feira que a trégua tem sido respeitada "de forma geral", fora as "provocações e ataques isolados", mas disse que sua força aérea seguiria bombardeando o grupo jihadista Estado Islâmico (EI) e a Frente Al-Nusra, excluídos do acordo.

Dia tranquilo

O domingo foi um dia excepcionalmente tranquilo, com poucos bombardeios e combates, nas localidades inclusas na trégua russo-americana.

"Domingo foi o dia mais calmo desde a entrada em vigor do cessar-fogo", disse à AFP Rami Abdel Rahman, diretor do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), uma ONG que tem uma ampla rede de fontes em todo o país.

A Frente Al-Nusra, ramo local da Al-Qaeda, bem como os rebeldes dispararam foguetes contra as forças curdas em um bairro do norte de Aleppo, causando nove mortes, de acordo com o OSDH.

Desde as primeiras negociações, que fracassaram em 2014, o principal obstáculo continua a ser o destino do presidente Bashar al-Assad, que se recusa a deixar o poder, apesar de cinco anos de uma guerra que causou mais de 270.000 mortes e milhões de refugiados e deslocados.

De Mistura recordou que a "agenda do processo é clara: em primeiro lugar, as negociações para um novo governo, em segundo e terceiro uma nova Constituição, eleições parlamentares e presidenciais dentro de 18 meses".

Poucos dias atrás, ele afirmou que cabia aos próprios sírios decidir sobre o futuro do chefe de Estado, no poder desde 2000.

A Arábia Saudita, um dos pilares da rebelião síria, declarou no sábado que Assad deveria partir assim que uma autoridade de transição fosse implementada.

No início de fevereiro, uma primeira rodada de negociações foi suspensa pela intensificação dos bombardeios russos na Síria. A Rússia realiza desde setembro de 2015 uma campanha aérea para apoiar o regime de Assad.

Texto atualizado às 11h21.

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