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Oposição rejeita diálogo com presidente egípcio

Cinquenta e uma pessoas morreram no total em atos de violência que começaram na noite de quinta-feira no Egito


	Mohamed Mursi: no domingo à noite, o presidente egípcio decretou estado de emergência por 30 dias nas províncias de Port Said, Suez e Ismailiya, no Canal de Suez
 (AFP/ Fayez Nureldine)

Mohamed Mursi: no domingo à noite, o presidente egípcio decretou estado de emergência por 30 dias nas províncias de Port Said, Suez e Ismailiya, no Canal de Suez (AFP/ Fayez Nureldine)

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Da Redação

Publicado em 29 de janeiro de 2013 às 06h17.

Cairo - A principal coalizão opositora egípcia rejeitou nesta segunda-feira o apelo do presidente Mohamed Mursi por um diálogo nacional para tentar solucionar a nova crise que afeta o Egito, que registrou nesta quinta-feira o seu quinto dia consecutivo de violência.

No momento em que manifestações eram realizadas durante a noite em várias cidades do Canal de Suez, apesar do cessar-fogo, um jovem foi morto a tiros durante confrontos diante de um posto policial em Port Said (nordeste).

Fontes de segurança indicaram à AFP que confrontos opunham manifestantes às forças de segurança nas imediações de várias delegacias, enquanto o Exército indicou ter "frustrado uma tentativa de ataque de um grupo armado contra a prisão" da cidade.

Pouco antes, no Cairo, uma pessoa foi morta a tiros em meio a um choque entre um grupo de manifestantes e policiais nas imediações da Praça Tahrir.

"Os homens do Ministério do Interior e 'as milícias' da Irmandade Muçulmana atiram de cima dos hotéis" da área, afirmou à AFP o militante Ahmed Douma, indicando a existência de um grande número de feridos.

Dois oficiais e nove soldados ficaram feridos, e manifestantes incendiaram dois furgões das forças de ordem, segundo uma fontes de segurança.

Cinquenta e uma pessoas morreram no total em atos de violência que começaram na noite de quinta-feira, no momento em que o país lembra o segundo aniversário do início da revolta contra o ex-presidente Hosni Mubarak, em meio a um forte descontentamento com o atual chefe de Estado islamita.


O Senado ratificou um projeto de lei autorizando Mursi a mobilizar o Exército para que atue na manutenção da ordem até o final das eleições legislativas, previstas para os próximos meses, indicou a agência oficial Mena.

O Senado, que assumiu o poder legislativo na ausência da Assembleia Nacional, concedeu ao Exército o poder temporário de deter civis.

No domingo à noite, Mursi decretou estado de emergência por 30 dias nas províncias de Port Said, Suez e Ismailiya, no Canal de Suez.

Ele pediu também que os representantes da oposição, assim como os partidos islamitas que o apoiam, participem de um diálogo nacional.

"Nós não vamos participar de um diálogo sem sentido", afirmou em uma coletiva de imprensa, Mohamed El Baradei, principal líder da Frente de Salvação Nacional (FNS), formada por vários movimentos e partidos de esquerda e liberais.

A Frente exige que Mursi assuma a responsabilidade pela violência dos últimos dias e a formação de um governo de unidade nacional.

A Frente convocou em um comunicado "o povo a sair a todas as praças Tahrir no próximo 1º de fevereiro (...) para cumprir os objetivos da revolução" e protestar contra a morte de dezenas de egípcios nos confrontos dos últimos dias.


Os confrontos com maior número de vítimas ocorreram em Port Said, onde 41 pessoas morreram após o anúncio da pena de morte para 21 torcedores do clube de futebol local, Al-Masry, envolvidos confrontos no ano passado ao final de uma partida contra o clube cairota d'Al-Ahly.

Alguns consideram que esse veredicto foi motivado pelo objetivo de evitar problemas mais graves ainda com os torcedores do Al-Ahly, que haviam ameaçado espalhar o "caos" se as penas não fossem severas.

A violência reflete as profundas divisões no país, mas também a persistente hostilidade de grande parte da população em relação à polícia, acusada de praticar violações sistemáticas e desrespeitar os direitos humanos.

A Anistia Internacional, baseando-se em testemunhos, condenou "o uso por parte dos serviços de segurança de uma força letal (...), incluindo contra manifestantes que não representavam ameaça iminente".

A Casa Branca condenou "com veemência" a violência, a mais forte desde a eleição de Mursi, em junho, pedindo que os egípcios dialoguem em paz.

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