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Oposição na argentina rejeita pagamento local da dívida

Chefe de gabinete argentino criticou políticos da oposição e os dirigentes sindicais que, segundo ele, "agem em consonância com os fundos abutres"

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 21 de agosto de 2014 às 16h29.

Buenos Aires - O governo da Argentina pediu nesta quinta-feira "unidade" para lidar com o problema da dívida, enquanto grande parte da oposição rejeitou o pagamento local aos detentores dos bônus reestruturados, os sindicatos ameaçaram fazer uma greve geral e o peso se desvalorizava em relação ao dólar.

"A Argentina necessita da união nacional" frente aos "abutres de fora e aos abutres de dentro", destacou hoje o chefe de Gabinete do Executivo, Jorge Capitanich, durante sua entrevista coletiva diária.

Capitanich criticou os políticos da oposição e os dirigentes sindicais que, segundo ele, "agem em consonância com os fundos abutres", em um momento no qual a Argentina luta para garantir sua "soberania" devido ao conflito da dívida.

O chefe de Gabinete fez seu pedido pouco antes de o juiz Thomas Griesa convocar uma reunião de urgência em Nova York, a primeira depois que o governo de Cristina Kirchner anunciou seu plano para pagar os bônus reestruturados na Argentina.

Capitanich rechaçou a postura dos partidos de oposição que adiantaram que votarão contra o chamado projeto de lei para o pagamento soberano local da dívida externa no Congresso.

Para Sergio Massa, líder da coalizão Frente Renovadora e ex-chefe de Gabinete de Cristina Kirchner, o conflito "tem solução", mas o governo propôs "um caminho perigoso e errado".

Massa, um dos favoritos na corrida para as eleições presidenciais de 2015 segundo as pesquisas, considerou hoje que é necessário o diálogo para se chegar a um acordo para resolver o problema que, na sua opinião, é o resultado de "três pecados capitais": "A ganância dos fundos abutres, a soberba daqueles que subestimaram o problema e a ira do juiz".

Elisá Carrió, da Coalizão Cívica, opinou que o problema é "político e não apenas econômico" e antecipou sua decisão de que vai optar pela abstenção ou votar contra o projeto do governo.

A coalizão conservadora Proposta Republicana (Pro), liderada pelo prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, também não apoia a iniciativa. Macri anunciou que seu grupo político não vai "aplaudir um default (moratória)".

Nesse mesmo contexto, os dirigentes sindicais da poderosa Confederação Geral do Trabalho, que também faz oposição ao governo, ameaçam fazer uma greve geral no próximo dia 28 para reivindicar uma redução no imposto de renda.

Enquanto a tempestade política cresce, a desvalorização do peso argentino se acentua frente ao dólar, que hoje chegou à cotação de 8,35 pesos por dólar no mercado oficial e a até 13,85 no mercado negro de Buenos Aires.

Os analistas, que não esconderam seu ceticismo sobre os resultados da iniciativa do Executivo de Cristina Kirchner, esperam a conclusão da reunião convocada hoje pelo juiz nova-iorquino Thomas Griesa, encarregado do processo dos fundos especulativos contra a Argentina.

Griesa, que emitiu decisão favorável aos fundos que exigem o pagamento integral de sua dívida e mantém bloqueados os fundos depositados pela Argentina no Bank of New York Mellon para pagar os credores da dívida reestruturada, ameaçou punir o governo de Cristina Kirchner por desacato em sua última reunião.

A nova proposta do Executivo argentino abre possibilidade para que os credores que aceitaram, com grandes cortes, as reestruturações de 2005 e 2010 recebam o pagamento que lhes corresponde através do Banco de la Nación Argentina ou apresentem um agente fiduciário alternativo. EFE

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