Mundo

Oposição forma coalizão e Netanyahu deve deixar o poder após 12 anos

O anúncio da coalizão foi feito por Lapid por volta das 17h30, depois de os principais partidos do bloco terem assinado o termo de compromisso

Israel: a negociação começou no fim de semana e deve prever o rodízio no cargo de primeiro-ministro entre Bennett e Lapid (Ammar Award/Reuters)

Israel: a negociação começou no fim de semana e deve prever o rodízio no cargo de primeiro-ministro entre Bennett e Lapid (Ammar Award/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 2 de junho de 2021 às 19h12.

Última atualização em 2 de junho de 2021 às 19h24.

A oposição em Israel chegou a um acordo nesta quarta-feira, 2, para formar uma coalizão que abre caminho para a saída de Benjamin Netanyahu do poder depois de 12 anos de governo. O primeiro-ministro, conhecido como "O Mágico" por sua habilidade política em manter-se no cargo, deve ser substituído por uma aliança frágil, que abriga desde a ultradireita até seculares, esquerdistas e árabes.

O novo governo é liderado pelo centrista Yair Lapid e o ultranacionalista Naftali Bennett. O anúncio da coalizão foi feito por Lapid por volta das 17h30, depois de os principais partidos do bloco terem assinado o termo de compromisso. A negociação começou no fim de semana e deve prever o rodízio no cargo de primeiro-ministro entre Bennett e Lapid.

"Eu consegui", escreveu Lapid em sua conta no Twitter.

O próximo passo é a ratificação do acordo de coalizão na Knesset o Parlamento isralense, e votação que deve ocorrer nos próximos dias. O caráter heterogêneo do pacto anti-Netanyahu divide analistas. Enquanto alguns acreditam que ele contempla a complexidade da sociedade israelense, outros creem que ele deve durar pouco, dadas as prováveis discordâncias entre seus membros.

O principal responsável por pender à balança contra Netanyahu é Naftali Bennett. Ex-aliado do premiê e líder do partido ultranacionalista Yamina, ele já defendeu a anexação da Cisjordânia e no domingo aceitou a proposta de Lapid para um acordo de divisão de poder. Bennett deve governar o país até 2023 e o aliado dali até 2025. Eles dividem a coalizão com Mansour Abbas, do partido árabe Raam, que representa os cidadãos árabes de Israel.

Os partidos de oposição precisaram deixar de lado divisões ideológicas e superar as pretensões ministeriais de todas as bancadas, especialmente às pastas de Defesa e Justiça, mas essa alternância não é incomum na política israelense. Entre 1984 e 1988, o trabalhista Shimon Peres governou a primeira metade do mandato, e Yitzhak Shamir, do Likud, concluiu o governo.

A última vez que isso aconteceu foi em maio do ano passado, para resolver o impasse causado por três eleições inconclusivas ninguém obteve maioria no Parlamento nas votações de abril e de setembro de 2019, e de março de 2020. Foi quando Netanyahu decidiu oferecer o rodízio ao líder da oposição, Benny Gantz, que aceitou.

A aliança, no entanto, desandou. A falta de aprovação de um orçamento para 2021 fez o Parlamento ser dissolvido, em dezembro e uma quarta eleição em dois anos foi convocada Gantz e outros líderes de oposições acusaram Netanyahu de usar a manobra regimental para evitar entregar o cargo.

Na mira da Justiça

A oposição afirma que Netanyahu está apegado ao poder por razões pessoais. Indiciado por corrupção, ele estaria buscando imunidade processual. O premiê nega.

Fora do poder, Netanyahu enfrentará esses problemas na Justiça, onde responde por denúncias de corrupção, suborno e tráfico de influência. Ele é acusado de favorecer um empresário de mídia em troca de uma cobertura política favorável, mas também nega qualquer ilegalidade.

No total, Bibi, como é conhecido, governou Israel por quase 15 anos, com um mandato de três anos, entre 1996 e 1999, e o atual, desde 2009. Seu partido, o Likud, agora deve ir para a oposição, junto com os partidos religiosos. A legenda tem a maior bancada da Knesset, com 30 deputados.

  • Quer saber tudo sobre a política internacional? Assine a EXAME e fique por dentro.
Acompanhe tudo sobre:Benjamin NetanyahuIsrael

Mais de Mundo

Presidente do México diz que “não haverá guerra tarifária” com EUA por causa de Trump

Austrália proíbe acesso de menores de 16 anos às redes sociais

Putin ameaça usar míssil balístico de capacidade nuclear para bombardear Ucrânia

Governo espanhol avisa que aplicará mandado de prisão se Netanyahu visitar o país