Santiago: manifestante gesticula com uma foto do presidente Sebastian Piñeira, do Chile (Ivan Alvarado/Reuters)
Reuters
Publicado em 22 de outubro de 2019 às 16h23.
Última atualização em 23 de outubro de 2019 às 15h48.
Santiago — A oposição no Chile se recusou a se encontrar com o presidente Sebastián Piñera depois dos tumultos que deixaram 15 mortos e levaram à prisão de mais de 2.600 pessoas, citando preocupações com abusos das forças de segurança.
Manifestantes se reuniram em praças do centro de Santiago e em outras cidades no início da tarde desta terça-feira, e os protestos contra o alto custo de vida e a desigualdade deram poucos sinais de estar chegando ao fim. Em alguns locais, a polícia começou a dispersar as multidões com gás e canhões de água.
Dez cidades tiveram decretação de estado de emergência e toque de recolher por militares depois dos protestos que irromperam na sexta-feira, os piores em décadas no Chile.
As frustrações com o custo de vida alto e aumentos nas tarifas de transporte público em Santiago se tornaram um estopim contra o governo de Piñera, desencadeando clamores por reformas que vão das leis tributárias e trabalhistas ao sistema de aposentadorias do país.
Diante da pressão crescente sobre sua gestão, Piñera disse que se reuniria com líderes da oposição nesta terça-feira para forjar um "novo contrato social".
Mas todos os principais partidos opositores recusaram o convite de Piñera, dizendo que o governo foi incapaz de "salvaguardar" os direitos humanos dos manifestantes ou informar o público sobre detalhes a respeito das 15 mortes ocorridas durante os protestos.
A porta-voz presidencial, Cecilia Perez, disse que a ausência da oposição é "lamentável" e que espera que os partidos reconsiderem.
Ainda nesta terça-feira, a Anistia Internacional disse em uma carta aberta a Piñera que está preocupada com violações dos direitos humanos e limitações impostas pelos militares durante interdições noturnas em vigor em toda a cidade.
O general encarregado da segurança em Santiago disse estar ciente de vídeos circulando nas redes sociais que mostram brutalidade da polícia e de militares no tratamento dado a manifestantes e disse que as forças de segurança estão "investigando" as denúncias.