Cristina Kirchner pronuncia discurso à nação em cadeia nacional de televisão: as críticas foram feitas após a aparição da presidente (REUTERS/Presidência da Argentina/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 27 de janeiro de 2015 às 06h26.
Buenos Aires - Representantes dos partidos políticos de oposição na Argentina questionaram nesta segunda-feira a "vitimização" da presidente, Cristina Kirchner, após sua primeira aparição pública depois da morte do promotor Alberto Nisman.
Cristina anunciou hoje que enviou um projeto de lei ao parlamento para reformar os órgãos de Inteligência, fortemente questionados após a morte do promotor, e rejeitou a denúncia apresentada contra ela por supostamente tentar acobertar os suspeitos pelo atentado terrorista contra a associação mutual israelita Amia, que deixou 85 mortos em 1994.
A deputada do Proposta Republicana (PRO), Patricia Bullrich, afirmou que "a presidente se faz de vítima e não vai ao fundo da questão" e perguntou "o que aconteceu com a negociação do memorando com o Irã", em declarações a uma emissora local.
A legisladora também considerou "interessante" o projeto de lei para criar uma nova Agência Federal de Inteligência, mas questionou alguns detalhes da iniciativa.
O senador e presidente da União Cívica Radical (UCR), Ernesto Sanz, garantiu que "a presidente não pode se fazer de vítima porque tudo o que aconteceu é responsabilidade exclusiva de seu governo".
Sanz também criticou que a nova lei transfira o sistema de escutas à Procuradoria Geral, porque "a procuradora (Alejandra) Gils Carbó está no lugar que está para seguir os desígnios do governo, não é uma promotora independente e não há uma lei que a controle".
O deputado da UCR Julio Cobos, ex-vice-presidente de Cristina, opinou que a presidente "está apenas preocupada em melhorar sua imagem" e que não dá respostas "para uma denúncia gravíssima por acobertamento", nem "à morte de um fiscal".
A deputada Margarita Stolbizer considerou que, antes de fazer uma reforma, o governo "deve explicar os 11 anos em que conduziram a Inteligência".
"Fizeram da Inteligência um grupo paraestatal. Todos nós conhecemos a máfia interna, as conexões políticas. Foi mais funcional à política e à perseguição", enfatizou Stolbizer.
Para a senadora do Proposta Republicana (PRO), Gabriela Michetti, "não há uma mudança substantiva" com a criação da Agência Federal de Inteligência.
"Essa decisão parece uma reação", acrescentou Michetti, "não tem avaliação suficiente" e "parece ser de conjuntura e de análise superficial".