Kadafi (esquerda) e Berlusconi: Tratado de Amizade e Cooperação envolve os 2 países (Giorgio Cosulich/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 9 de março de 2011 às 19h46.
Roma - As declarações do primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, de que não poderia "incomodar" o líder líbio, Muammar Kadafi, pelo fato de a situação na Líbia estar em evolução, geraram duras críticas da oposição.
"O que a oposição pode fazer além de exigir que se preste atenção na grave situação que o norte da África está vivendo? A única coisa que se escutou de Berlusconi, perante um mundo que está sendo derrubado, é que não quer incomodar Kadafi", afirmou o líder da Itália dos Valores (IDV), Antonio Di Pietro, nesta segunda-feira.
"Na Itália, por outro lado, se há uma pessoa que tem que ir para casa para não incomodar mais os cidadãos é Berlusconi", acrescentou o líder da IDV em declarações a um programa de rádio.
As críticas de Di Pietro se somam às expressadas pelo Partido Democrata (PD), que através de Piero Fassino, lamentou que "ao silêncio ensurdecedor do Governo italiano perante a sanguinária repressão registrada na Líbia e em outros países do norte da África, se soma a declaração desconcertante de Berlusconi".
Neste fim de semana, Berlusconi afirmou a jornalistas que a Itália acompanha com preocupação a situação no norte da África.
Perguntado se havia falado com Kadafi, Berlusconi respondeu: "Não, não falei com ele. A situação está em evolução e portanto não me permito incomodar".
As relações entre Itália e Líbia estão marcadas pela assinatura, em 30 de agosto de 2008, do Tratado de Amizade e Cooperação, que estipulava que a Itália indenizaria à Líbia pelas mais de três décadas de ocupação colonial do país norte-africano.