Soldados na Tailândia: militares protagonizaram 19 tentativas de golpe (Erik De Castro/Reuters)
Da Redação
Publicado em 24 de junho de 2014 às 06h34.
Bangcoc - Um político do governo deposto da <strong><a href="https://exame.com.br/topicos/tailandia">Tailândia</a></strong> fundou nesta terça-feira no exílio a primeira organização de <strong><a href="https://exame.com.br/topicos/oposicao">oposição</a></strong> à junta militar que governa o país desde o golpe de estado do dia 22 de maio.</p>
Jarupong Ruangsuwan, ex-presidente do partido Puea Thai e ex-senador, declarou a formação da "Organização para a Liberdade dos Direitos Humanos dos Tailandeses e a Democracia" em um vídeo postado no YouTube.
"A junta violou o estado de direito, os princípios democráticos e destruiu as liberdades e a dignidade humana", disse Jarupong no comunicado.
O grupo, estabelecido em local desconhecido fora da Tailândia, pede que a população, dentro e fora do país, se oponha "sem violência" à junta militar com o objetivo de restaurar o regime democrático no país.
"Proporcionaremos apoio psicológico a todos os opositores do golpe e grupos democráticos dentro e fora da Tailândia", afirmou Jarupong.
Pelo menos dez pessoas foram detidas no último domingo por supostamente criticarem a junta militar de forma pacífica.
Uma senhora foi detida por policiais à paisana por usar uma camiseta com os dizeres "respeitem o meu voto", um jovem foi preso enquanto lia o livro "1984" e outros oito estudantes por distribuírem sanduíches, um gesto que começou como uma forma de burlar a proibição de manifestação contra os militares.
Aproximadamente 511 pessoas, a maioria políticos, jornalistas e ativistas ligados ao governo deposto, foram detidos pela junta militar, mas quase todos foram libertados após alguns dias.
O chefe do Exército, Prayuth Chan-ocha, deu um golpe de Estado no dia 22 de maio após mais de seis meses de protestos antigovernamentais e com a promessa de reformar o sistema político antes de realizar eleições.
A Tailândia atravessa uma grave crise política desde o levante, em 2006, contra o ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, que vive no exílio para evitar uma condenação de dois anos de prisão por corrupção e que era acusado pelos opositores de comandar o Executivo à distância.
Thaksin e seus aliados ganharam todas as eleições desde 2001, mas contam com a oposição da elite monárquica e ligada ao Exército, assim como de grande parte da classe média e do eleitorado do sul do país.
Os militares tailandeses protagonizaram 19 tentativas de golpe de Estado, das quais 12 tiveram sucesso, desde o fim da monarquia absoluta em 1932.