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Opep+ abre a torneira do petróleo, mas não contém os aumentos de preços

Representantes dos 23 países concordaram que "a produção de agosto será ajustada para cima em 648 mil barris por dia

O cartel dos países petrolíferos segue assim o objetivo acordado em junho de aumentar o fornecimento diário (Bing Guan/Bloomberg)

O cartel dos países petrolíferos segue assim o objetivo acordado em junho de aumentar o fornecimento diário (Bing Guan/Bloomberg)

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AFP

Publicado em 30 de junho de 2022 às 13h46.

Última atualização em 30 de junho de 2022 às 13h59.

Os países produtores de petróleo da Opep+ renovaram nesta quinta-feira, 30, seu compromisso de abrir mais a torneira durante o verão (Hemisfério Norte), mas o aumento da produção será insuficiente para conter o aumento dos preços devido à guerra na Ucrânia

Os representantes dos 23 países concordaram que "a produção de agosto será ajustada para cima em 648 mil barris por dia", como em julho, em comparação com os 432 mil barris estabelecidos nos meses anteriores, anunciou a aliança em comunicado.

O cartel dos países petrolíferos segue assim o objetivo acordado em junho de aumentar o fornecimento diário.

Até agora e desde 2021, o grupo se limitou a aumentar moderadamente suas cotas de produção para retornar gradualmente aos níveis pré-pandemia.

Teatro político

No entanto, os esforços não são suficientes para compensar a escassez de petróleo devido ao embargo acordado entre os Estados Unidos e a União Europeia (UE) ao combustível da Rússia.

Desde o início da guerra na Ucrânia, em 24 de fevereiro, o preço do Brent, referência do petróleo bruto na Europa, aumentou mais de 16%. Seu equivalente americano, o WTI, subiu mais de 17%.

Nesta quinta-feira, por volta das 12h40 GMT (9h40 em Brasília), o Brent atingiu US$ 115,63 por barril e o WTI atingiu US$ 109,27, preços ainda muito elevados.

Diante do aumento dos preços, a França novamente pediu aos exportadores na segunda-feira que aumentem seus volumes "excepcionalmente".

O assunto também estará na agenda da viagem do presidente dos EUA, Joe Biden, à Arábia Saudita, em meados de julho.

"É um teatro político, a viagem não vai terminar com um aumento significativo acima do que já foi acordado", diz Edward Moya, analista da Oanda. Mesmo que a aliança decidisse ceder, "não teria capacidade", acrescenta o especialista.

Muitos países da Opep+ “estão sujeitos a sanções internacionais ou sofrem com problemas de produção”, lembra. Portanto, as cotas estabelecidas raramente são alcançadas.

Rússia, Irã e Venezuela

Na mira dos Estados Unidos e da UE desde a invasão da Ucrânia, a Rússia se juntou aos países que sofreram sanções, como Irã e Venezuela.

A Líbia, que também é membro da aliança, vive uma grave crise política entre governos opositores, que afeta a produção de petróleo, sua principal fonte de renda.

Outros países como Nigéria, Congo e Guiné Equatorial também não cumpriram suas metas devido à falta de investimentos no setor durante a pandemia.

Mas países-modelo como os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita também estão lutando para aumentar os volumes de produção, disse o presidente francês Emmanuel Macron nesta semana.

"Se isso for verdade, significa que a produção de petróleo da Opep+ em julho e agosto não aumentará ainda mais, apesar do recente acordo", diz Stephen Brennock, da PVM Energy.

"Os problemas de abastecimento continuarão sendo o principal problema atual do petróleo e os preços vão subir ainda mais", alerta Ipek Ozkardeskaya, analista do Swissquote Bank.

Limitar o preço do petróleo russo, como os países ocidentais planejam fazer em resposta à ofensiva de Moscou, causaria um "déficit" e aumentaria consideravelmente o preço para os consumidores europeus, alertou o vice-primeiro-ministro russo responsável pela Energia, Alexander Novak.

A menos que o medo de uma recessão faça com que os preços caiam.

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