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Bangladesh: 11 mortos e 200 colégios eleitorais incendiados

Eleições legislativas foram boicotadas pelo principal partido de oposição

Cédulas de voto em colégio eleitoral em Dacca: conflitos por conta de eleições boicotadas continuam (Munir Uz Zaman/AFP)

Cédulas de voto em colégio eleitoral em Dacca: conflitos por conta de eleições boicotadas continuam (Munir Uz Zaman/AFP)

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Da Redação

Publicado em 5 de janeiro de 2014 às 09h28.

Dacca - Onze pessoas morreram desde sábado à noite em Bangladesh, onde se realizam eleições legislativas boicotadas pelo principal partido de oposição e marcadas pelo ataque a cerca de 200 assembleias de voto, após meses de violência política.

A polícia informou que pelo menos 11 pessoas morreram desde sábado à noite e mais de 200 assembleias eleitorais foram incendiadas por milhares de manifestantes, em uma tentativa da oposição de parar as eleições.

Duas vítimas foram espancadas até a morte, enquanto guardavam os colégios eleitorais em distritos do norte do país, uma região considerada reduto da oposição e onde foram registradas a maior parte dos episódios de violência.

"Milhares de manifestantes atacaram os colégios e nossos agentes usando coquetéis molotov", indicou à AFP o chefe de polícia de Bogra Syed Abu Sayem.

A maioria das vítimas, que eram ativistas da oposição, foram mortas a tiros pela polícia, enquanto um motorista de caminhão morreu em um ataque contra seu veículo que explodiu.

"Fomos obrigados a atirar depois de milhares deles nos atacar com bombas e armas de pequeno porte", disse Mokbul Hossain, chefe de polícia da cidade de Parbatipur (norte), que falou de um "ataque coordenado".

Na capital, a polícia confirmou pelo menos dois ataques a duas assembleias de voto em Dhaka.

Os colégios eleitorais abriram às 8H00 (00H00 no horário de Brasília), sem uma grande participação na capital Dhaka, constataram jornalistas da AFP.

A participação pode ser inferior aos 26% registrados nas fraudulentas eleições de 1996.

A primeira-ministra Sheikh Hasina Wajed espera uma vitória certa, já que o seu partido, a Awami League, e seus aliados, não têm concorrência em 153 dos 300 distritos eleitorais do país.

"O voto é um direito, e exerço o meu direito, mas hoje não podemos comemorar", confidenciou um eleitor, Nurul Islam, depois de depositar seu voto em Mirpur, perto de Dhaka.

"Por que falamos de eleições, se há poucas pessoas nas mesas de voto e os dois candidatos são do mesmo partido?", declarou por sua vez o comerciante Miyamat Ullah.

A principal formação de oposição, o Partido Nacionalista de Bangladesh (PNB) convocou uma greve geral em uma tentativa de impedir as eleições de domingo, classificadas de "farsa escandalosa".

A oposição pede a renúncia do governo e a instauração de um governo neutro e provisório antes da organização de eleições, como aconteceu no passado, mas a premiê se nega a isso.

Para impedir o processo eleitoral, a líder da oposição, Khaleda Zia, organiza desde outubro greves e manifestações que levaram a confrontos, nos quais 150 pessoas morreram.

Zia, líder do PNB e ex-primeira-ministra, pediu na sexta-feira que os eleitores boicotem as eleições e denunciou que se encontra em prisão domiciliar desde dezembro.

A primeira-ministra, acusada a adversária de "sequestrar o país".

A rivalidade entre Hasina e Zia impediu qualquer compromisso entre as duas mulheres, e a opositora foi colocada sob prisão domiciliar no final de dezembro.

Frente a este impasse, os Estados Unidos, a União Europeia e a Comunidade Britânica desistiram de enviar observadores, o que enfraquece um pouco mais a credibilidade da votação.

"Estas eleições são cruciais para assegurar a continuidade constitucional", reiterou à AFP o ministro adjunto da Justiça Quamrul Islam.

Bangladesh viveu em 2013, o ano mais violento desde a sua independência do Paquistão em 1971. De acordo com uma ONG, 500 pessoas morreram em meio à violência desde janeiro de 2013.

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