Protestos: cerca de 75 manifestantes foram assassinados nesta semana na repressão dos protestos (Kenny Katombe/Reuters)
Da Redação
Publicado em 22 de setembro de 2016 às 09h08.
Genebra - A ONU disse nesta quinta-feira que uma "crise de grande envergadura" está ocorrendo na República Democrática do Congo (RDC), onde cerca de 75 manifestantes foram assassinados nesta semana na repressão dos protestos contra o desejo do presidente Joseph Kabila de permanecer no poder.
"Os sinais estão lá e as autoridades devem deixar suas posições extremamente conflituosas e construir pontes com a oposição", sustentou o alto comissário da ONU para os direitos humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein.
O responsável denunciou que "as forças de segurança fizeram um claro uso excessivo da força contra os manifestantes" na capital, Kinshasa, como evidencia o fato de que a morte de muitos civis foi "por tiros na cabeça ou no peito".
Além disso, considerou "chocante" que ficou comprovado que homens uniformizados participaram do ataque contra os locais de seis partidos da oposição política.
"Sem dúvida nenhuma é um ataque contra a democracia e os direitos humanos mais fundamentais", contrariamente ao que necessita a República Democrática do Congo, "que é de um clima favorável para um diálogo inclusivo e eleições livres e justas", disse Zeid.
As eleições presidenciais estavam previstas para dezembro, mas o governo congolês e a Comissão Eleitoral apostam por adiar esse pleito porque o censo eleitoral está defasado.
O Escritório de Direitos Humanos da ONU também tem conhecimento de que entidades como a Guarda Republicana, a Agência Nacional de Inteligência e a Polícia Nacional Congolesa realizaram buscas em casas de certos bairros de Kinshasa, assim como de detenções arbitrárias nesta e outras cidade do país.
Entre os detidos figuram jornalistas que tentavam cobrir os protestos.
Segundo as informações recopiladas, em torno de 300 pessoas teriam sido detidas desde a segunda-feira em relação com estes fatos.
Zeid pediu ao governo que retire imediatamente das ruas forças como a Guarda Republicana devido a seu envolvimento em casos de uso excessivo da força nos quais houve várias vítimas durante as eleições de 2011
Até agora ninguém foi punido pelas graves violações cometidas naquela época, lamentou o alto comissário.