Mundo

ONU tentará dar novo impulso às negociações da Síria

Responsáveis do governo sírio mantiveram conversas durante duas horas com o enviado especial da ONU, Staffan de Mistura

Síria: nas conversas anteriores, as diferentes partes não chegaram sequer a falar entre si (Rodi Said/Reuters)

Síria: nas conversas anteriores, as diferentes partes não chegaram sequer a falar entre si (Rodi Said/Reuters)

A

AFP

Publicado em 25 de janeiro de 2018 às 15h31.

As Nações Unidas tentarão dar um novo impulso a partir desta quinta-feira (25), em Viena, às negociações de paz na Síria, onde a violência continua fazendo estragos depois de sete anos de uma guerra que matou mais de 340.000 pessoas.

Um mês depois de uma reunião infrutífera em Genebra, a oitava, as delegações do regime e da oposição se encontram durante dois dias na sede da ONU na capital austríaca no que constitui "a última esperança de paz", segundo o chefe da diplomacia francesa, Jean-Yves Le Drian.

Nas conversas anteriores, as diferentes partes não chegaram sequer a falar entre si.

Responsáveis do governo sírio mantiveram conversas durante duas horas com o enviado especial da ONU, Staffan de Mistura. Depois foi a vez da oposição Comissão de Negociações Sírias (CNS).

De Mistura disse na quarta-feira que as negociações em Viena ocorriam em um "momento muito, muito crítico".

A principal questão que bloqueia o processo é o futuro do presidente sírio Bashar Al-Assad, cujas forças dominam a situação no terreno desde que a Rússia iniciou seu apoio em 2015.

Representantes do governo sírio rejeitam se reunir diretamente com a oposição até que deixem de lado sua exigência de que Assad abandone o poder.

Para Nasr Al Hariri, da CNS, estes dois dias significam "um autêntico teste para todas as partes".

Combates como pano de fundo

A reunião de Viena acontece enquanto são realizadas várias ofensivas militares no terreno, uma dirigida pela Turquia contra a cidade a Afrin, em mãos curdas, e outra do regime contra os rebeldes na província de Idlib e Guta Oriental.

O ministro francês Le Drian insistiu que "a situação de degradação humanitária é considerável na Síria, tanto na zona de Afrin como na zona de Idlib e na zona de Guta Oriental, com outros participantes e o regime que cercam as forças de oposição".

O chefe da diplomacia alemã, Sigmar Gabriel, pediu à Otan uma abertura das discussões na aliança após a polêmica intervenção turca.

A intervenção da Turquia em Afrin gerou tensões entre Ancara e os Estados Unidos, que prestaram apoio às milícias curdas em sua batalha contra o grupo Estado Islâmico.

O presidente americano, Donald Trump, pediu na quarta-feira a seu contraparte turco, Recep Tayyip Erdogan, que "reduza e limite suas ações militares" na Síria.

Erdogan insistiu, no entanto, que sua ofensiva é uma medida de segurança nacional, já que os combatentes curdos das YPG (Unidades de Proteção do Povo), contra os quais está lutando, são considerados por Ancara como o braço sírio do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).

Estas conversas em Viena começam poucos dias antes do Congresso Inter-sírio, organizado em Sochi, Rússia, por iniciativa de Moscou e Teerã, aliados do regime de Damasco, e Ancara, que apoia os rebeldes. Estão convidados a participar "todos os principais atores regionais e internacionais", incluindo os curdos, apesar da reticência da Turquia.

Segundo Moscou, foram enviados mais de 1.600 convites.

Frente a preocupação de várias chancelarias ocidentais, o Kremlin assegurou que sua iniciativa não era para competir com o processo de Genebra e sim "buscava complementar de forma eficaz essa reunião com resultados concretos".

Acompanhe tudo sobre:NegociaçõesONUSíria

Mais de Mundo

Trump avalia adiar proibição do TikTok por 90 dias após assumir presidência dos EUA

Rússia admite ter atingido alvos em Kiev em retaliação aos ataques de Belgorod

Mídia americana se organiza para o retorno 'vingativo' de Trump

'Vários feridos' em acidente com teleférico em estação de esqui na Espanha