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ONU teme o colapso da 'ordem pública' em Gaza, onde Israel intensifica sua ofensiva

Secretário-geral da ONU, António Guterres, lamentou intensificação das operações militares

Uma mulher passa pelos escombros de um edifício em Rafah, sul da Faixa de Gaza, sob bombardeio israelense, 28 de outubro de 2023 (Adel ZAANOUN con Jonah MANDEL en Jerusalén/AFP)

Uma mulher passa pelos escombros de um edifício em Rafah, sul da Faixa de Gaza, sob bombardeio israelense, 28 de outubro de 2023 (Adel ZAANOUN con Jonah MANDEL en Jerusalén/AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 29 de outubro de 2023 às 10h10.

Última atualização em 29 de outubro de 2023 às 10h10.

O Exército de Israel intensificou os seus bombardeios e a sua ofensiva terrestre na Faixa de Gaza, onde a ONU alertou que a situação é "cada vez mais desesperadora" e a "ordem pública" está em colapso após saques nos seus centros devido à limitada ajuda humanitária que chega ao enclave. 

"A situação em Gaza se torna cada vez mais desesperadora, de hora em hora. Lamento que em vez de uma pausa humanitária cruelmente necessária (…) Israel tenha intensificado as suas operações militares", disse neste domingo, 29, o secretário-geral da ONU, António Guterres.

No sábado, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou o início de uma "segunda fase" da guerra contra o Hamas no enclave palestino, que será "longa e difícil".

O Exército de Israel, cujos soldados e tanques operam no terreno desde sexta-feira à noite, anunciou no domingo que aumentou o seu efetivo e as operações terrestres na Faixa de Gaza.

O Exército continua a intensificar os seus bombardeios no enclave de 362 km2, em resposta ao ataque sangrento sem precedentes realizado pelo Hamas em 7 de outubro em Israel.

Cerca de 1.400 pessoas, a maioria civis, morreram Israel no ataque e outras 230 foram sequestradas pelo grupo palestino, segundo as autoridades israelenses.

Por outro lado, o Ministério da Saúde do Hamas, que controla Gaza desde 2007, afirmou neste domingo que mais de 8.000 pessoas morreram na Faixa devido à guerra, "metade delas crianças".

Desde 9 de outubro, Israel impôs um "cerco total" ao território palestino onde vivem 2,4 milhões de pessoas, interrompendo o fornecimento de água, alimentos e eletricidade. Apenas 84 caminhões de ajuda humanitária entraram em Gaza desde 21 de outubro.

A agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA) indicou neste domingo que milhares de pessoas entraram em vários dos seus armazéns e centros de distribuição, "um sinal preocupante de que a ordem pública está começando a desmoronar" na Faixa.

Um "grande número" de palestinos morreu durante a noite, de sábado para domingo, em bombardeios contra dois acampamentos de refugiados no norte de Gaza, disse o Hamas.

Dois soldados israelenses ficaram feridos durante a noite, um deles em combates com membros do Hamas, segundo o Exército.

"Fracasso" humanitário

A presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), Mirjana Spoljaric, denunciou no sábado um "fracasso (humanitário) catastrófico que o mundo não deve tolerar".

Netanyahu declarou no sábado que o Exército israelense irá "destruir o inimigo no solo e no subsolo", referindo-se às centenas de quilômetros de túneis a partir dos quais o Hamas conduz suas operações, segundo Israel.

O objetivo desta "segunda fase da guerra" é "claro: destruir as capacidades militares e a liderança do Hamas e trazer os reféns para casa", disse ele.

"As famílias não dormem"

O líder israelense reuniu-se no sábado com os familiares de reféns do Hamas, cada vez mais insatisfeitos com a "completa incerteza", disse Haim Rubinstein, seu porta-voz. "As famílias não dormem, querem respostas", acrescentou.

Quatro mulheres foram libertadas até agora. O Hamas afirmou que "cerca de 50" reféns morreram por bombardeios israelenses.

O líder do movimento islâmico em Gaza, Yahya Sinwar, declarou no sábado que estava disposto a estabelecer "imediatamente uma troca para libertar todos os prisioneiros das prisões do inimigo sionista em troca de todos os reféns".

O Exército israelense instou os civis palestinos a "se mudarem temporariamente" para o sul, "para uma área mais segura onde poderão receber água, alimentos e medicamentos".

"Amanhã (domingo), os esforços humanitários realizados pelo Egito e pelos Estados Unidos vão aumentar", garantiu.

Comunicação restabelecida

A intensificação dos bombardeios na Faixa de Gaza coincidiu com uma interrupção das comunicações e da Internet, o que complica ainda mais os esforços de ajuda humanitária. Mas a rede estava sendo restaurada neste domingo, segundo a organização de monitoramento de rede Netblocks.

O território palestino também enfrenta uma escassez de medicamentos. Algumas operações cirúrgicas são realizadas sem que os pacientes durmam completamente devido à falta de produtos anestésicos, alertou Médicos Sem Fronteiras (MSF) no sábado.

A Turquia denunciou "massacres" em Gaza, após os quais Israel chamou de volta os seus diplomatas em Ancara. A Arábia Saudita denunciou uma violação "injustificável" do direito internacional.

Dezenas de milhares de pessoas manifestaram-se em Londres no sábado em apoio aos palestinos, e outras milhares em Paris, Zurique e nos Estados Unidos.

A guerra em Gaza suscitou receios de um conflito regional. O Irã, apoiador do movimento Hamas e do Hezbollah libanês, emitiu advertências aos Estados Unidos, aliado de Israel.

A tensão também aumentou na Cisjordânia, ocupada por Israel desde 1967, onde três palestinos morreram na manhã deste domingo por disparos do Exército israelense, segundo o Ministério da Saúde da Autoridade Palestina. Mais de 110 palestinos morreram em operações do Exército israelense desde 7 de outubro.

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