Farc: Entre esses crimes, se destaca como "particularmente preocupante" o de Alexander Parra Uribe, conhecido como "Rodolfo Fierro" (Mario Tama/Getty Images)
EFE
Publicado em 31 de dezembro de 2019 às 12h36.
Bogotá — O secretário-geral da ONU, António Guterres, informou nesta terça-feira que pelo menos 77 ex-guerrilheiros das Farc foram assassinados na Colômbia neste ano, elevando para 173 o total desde que a paz foi assinada com o governo, em novembro de 2016.
"O número total de assassinatos desde a assinatura do Acordo Final de Paz agora é de 173, além de 14 desaparecimentos e 29 tentativas de homicídio", diz o documento publicado em Bogotá e que será apresentado ao Conselho de Segurança da ONU em Nova York no dia 13 de janeiro de 2020.
No relatório, Guterres reitera o pedido por "medidas mais eficazes para proteger a vida dos ex-combatentes, especialmente levando em conta que 2019 foi o ano mais violento para os ex-membros".
O documento, que faz um balanço dos progressos realizados na implementação do acordo de paz em relação à reincorporação econômica, social e política dos membros das Farc no último trimestre do ano, tem uma grande parte dedicada à situação de segurança dos antigos guerrilheiros.
Durante o período analisado, de 27 de setembro a 26 de dezembro de 2019, "a Missão de Verificação verificou 20 homicídios de ex-membros das Farc, somando 77 homicídios em 2019, 65 em 2018 e 31 em 2017".
Entre esses crimes, se destaca como "particularmente preocupante" o de Alexander Parra Uribe, conhecido como "Rodolfo Fierro", assassinado no dia 24 de outubro no antigo Espaço Territorial de Capacitação e Reincorporação (ETCR) de Mesetas, no departamento de Meta (centro).
Parra Uribe era "um líder respeitado" naquele território e foi "o primeiro assassinato a ocorrer dentro do perímetro de proteção de um antigo ETCR", lembrou a ONU.
"Apesar das melhorias gerais na segurança desde a assinatura do acordo de paz, os numerosos casos que continuam a ocorrer em algumas regiões confirmam o desafio ainda pendente de estabilizar os territórios", acrescenta o documento.
Essa tarefa é especialmente necessária "em áreas onde a presença limitada do Estado deixou vazios institucionais e onde a falta de oportunidades econômicas os deixou vulneráveis às economias lícitas".
O relatório também observa que, desde a assinatura do acordo de paz, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos "verificou 303 assassinatos de defensores dos direitos humanos e líderes sociais, 86 deles em 2019 (incluindo 12 mulheres)".
"O secretário-geral da ONU enfatiza que a segurança dos líderes sociais e defensores dos direitos humanos, assim como dos ex-combatentes, está intrinsecamente ligada à segurança de suas comunidades", acrescenta o texto.