Fronteira da Venezuela com a Colômbia: Venezuelanos fogem da crise econômica e política que o país atravessa (Carlos Eduardo Ramirez/Reuters)
AFP
Publicado em 1 de outubro de 2018 às 08h42.
Última atualização em 1 de outubro de 2018 às 09h03.
Pelo menos 1,9 milhão de pessoas deixaram a Venezuela desde 2015, fugindo da crise econômica e política que o país atravessa - informou a ONU nesta segunda-feira (1º).
"Com mais de 2,6 milhões de pessoas no exterior do país atualmente, é crucial uma perspectiva apolítica e humanitária para ajudar os países que os recebem em um número que vai crescendo", declarou o alto comissário da ONU para os refugiados, Filippo Grandi, durante a abertura da reunião anual do comitê executivo do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) que acontece esta semana em Genebra.
"Cerca de 5.000 pessoas deixam a Venezuela por dia hoje. É o maior movimento de população na história recente da América Latina", acrescentou.
Interrogado pelo fluxo cotidiano em massa, um porta-voz da Acnur, William Spindler, explicou à AFP que "se observa esta tendência desde o início deste ano", insistindo em que "o grande êxodo começou este ano".
"Segundo os dados oficiais do governo, estimamos que 1,9 milhão de venezuelanos deixaram seu país desde 2015 para se dirigir, principalmente, para outros países da América do Sul como Brasil, Colômbia, Equador e Peru", acrescentou o porta-voz.
O Acnur e a Organização Internacional para as Migrações anunciaram, em 19 de setembro, a nomeação do ex-vice-presidente da Guatemala Eduardo Stein como representante especial para a crise migratória venezuelana.
A população venezuelana está asfixiada por uma crise econômica caracterizada pela hiperinflação, pobreza, falta de serviços públicos e escassez de artigos de primeira necessidade, especialmente remédios e alimentos. Isso provocou um êxodo em massa de centenas de milhares de venezuelanos.
"Felicito os Estados que mantiveram suas fronteiras abertas e que oferecem asilo, ou outras formas de estância legal" para os venezuelanos, disse Grandi.
"Ainda resta muito por fazer para garantir a coerência regional da resposta dada em matéria de proteção" dos indivíduos, advertiu.