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ONU propõe nomes para governo de união nacional na Líbia

O enviado das Nações Unidas para a Líbia, Bernardino León, anunciou a formação de um governo líbio de unidade nacional, presidido por Fayez el Sarraj


	Bernardino León: "Após um ano de esforços neste processo envolvendo mais de 150 personalidades líbias, finalmente chegou o momento de poder propor a formação de um governo de unidade nacional"
 (Odd Andersen/AFP)

Bernardino León: "Após um ano de esforços neste processo envolvendo mais de 150 personalidades líbias, finalmente chegou o momento de poder propor a formação de um governo de unidade nacional" (Odd Andersen/AFP)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2015 às 11h35.

A ONU propôs nesta sexta-feira os nomes de vários dirigentes líbios para formar um governo de união nacional, primeira etapa de um acordo negociado há meses e que se espera que tire o país do caos.

O enviado das Nações Unidas para a Líbia, Bernardino León, anunciou a formação de um governo líbio de unidade nacional, presidido por Fayez el Sarraj e com três vice-primeiros-ministros: Ahmad Meitig, Fathi el Mejbri e Musa el Koni.

"Após um ano de esforços neste processo envolvendo mais de 150 personalidades líbias, representando todas as regiões, finalmente chegou o momento de poder propor a formação de um governo de unidade nacional", disse León em entrevista coletiva realizada em Skhirat, no Marrocos, onde ocorrem as negociações.

A proposta inclui vários candidatos a ministros e a postos-chave, como o Conselho de Estado, que seria entregue a Abderrahman Swehli, e o Conselho de Segurança Nacional, que caberia a Fathi Bashagha.

"Muitos líbios perderam a vida e muitas mães sofreram. Atualmente, quase 2,4 milhões de líbios precisam de ajuda humanitária", assinalou o enviado da ONU para a Líbia.

León, que foi durante meses o mediador entre a coalizão de milícias de Fajr Libya, que controla a capital, e o governo reconhecido pela comunidade internacional, que está deslocado e exerce suas funções a partir de Tobruk, no leste do país, informou que as negociações entre os dois campos rivais foram retomadas na segunda-feira.

A ONU buscava um acordo para colocar fim ao caos no qual o país está afundado quase quatro anos depois da queda do regime de Muanmar Kadhafi, com uma economia colapsada e um conflito que permitiu a implantação do grupo jihadista Estado Islâmico.

O descontrole também ajudou a intensificar a crise dos migrantes, que partem da costa da Líbia para cruzar o Mediterrâneo.

Oportunidade

Sarraj, nascido em 1960 na capital, é conhecido por ser próximo ao Conselho Geral Nacional, a autoridade parlamentar com sede em Trípoli.

"Estamos convencidos de que (a composição deste governo) pode funcionar (...) Os líbios devem tomar esta oportunidade histórica para salvar a Líbia", acrescentou León.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, felicitou os participantes no diálogo.

"Agora é o momento de que as partes participem do diálogo para apoiar a proposta e assinar o acordo sem demora", disse Ban em um comunicado.

Em um comunicado oficial publicado durante a noite, a chefe da diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini, celebrou este acordo "em um momento crucial da história" da Líbia, que responde "às aspirações de paz e de prosperidade do povo líbio".

"A União Europeia apoia completamente o texto final e os funcionários de alto escalão de unidade nacional que agora têm a incumbência e a responsabilidade de compor o novo governo e aplicar os termos do acordo", indicou o comunicado.

Além disso, Mogherini anunciou que a UE está disposta a oferecer ao novo governo apoio político e financeiro, concretamente de 100 milhões de euros (112 milhões de dólares).

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, convocou as diferentes facções a aceitarem o acordo.

"Convoco encarecidamente todas as partes a não desperdiçarem esta oportunidade. A Líbia tem poucas oportunidades para alcançar uma paz duradoura", disse Tusk durante uma visita à Bulgária.

O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) alertou na semana passada que "os conflitos armados e a instabilidade política que a Líbia vive afetaram mais de três milhões de pessoas, entre elas 2,44 milhões que precisam de proteção e assistência humanitária".

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