O novo projeto de resolução, que ainda deve ser apresentado nas próximas horas nas capitais, procura obter o sinal verde dos 15 para autorizar 300 observadores militares (AFP)
Da Redação
Publicado em 20 de abril de 2012 às 20h50.
Nações Unidas - O Conselho de Segurança da ONU se reuniu nesta sexta-feira para negociar um novo projeto de resolução que reúna diversas propostas para votar, possivelmente amanhã, a autorização de uma missão de 300 observadores à Síria para comprovar o cessar-fogo estipulado entre as partes.
Os 15 membros do Conselho se reuniram na última hora da tarde da sexta-feira para acabar com as diferenças entre Moscou e as potências ocidentais sobre as medidas a serem tomadas se o governo do presidente sírio, Bashar al Assad, não cumprir seus compromissos em relação ao plano de paz do enviado especial, Kofi Annan.
O embaixador russo, Vitaly Churkin, assinalou que se reuniram ''após receber muito bons comentários de alguns colegas'' a seu projeto e que por isso apresentaram uma versão melhorada e que, após a reunião de hoje, espera que possa ser adotado neste sábado.
''Há alguns problemas que precisam ser solucionados'', disse por sua vez o embaixador britânico, Mark Lyall Grant, que falou que o novo texto é ''uma fusão'' entre o russo e o ocidental.
O novo projeto de resolução, que ainda deve ser apresentado nas próximas horas nas capitais, procura obter o sinal verde dos 15 para autorizar 300 observadores militares desarmados na Síria por um período inicial de três meses.
A diferença básica entre ambos projetos de resolução iniciais se referia à inclusão da ameaça de ''maiores medidas'' contra Damasco se as autoridades sírias não cumprem o plano de paz de Annan, estipulado pelas partes, mas cujo cumprimento por parte do governo é insatisfatório.
O texto ocidental assinalava que se Damasco não cumprir de maneira ''visível e inteiramente'' seus compromissos com Annan, o Conselho de Segurança expressaria sua ''intenção de adotar medidas sob o artigo 41'' da Carta das Nações Unidas, uma clara referência a sanções.
Esse artigo se refere a ''medidas que não impliquem no uso da força armada'' e que podem compreender ''a interrupção total ou parcial das relações econômicas e das comunicações'', assim como ''a ruptura de relações diplomáticas'', segundo a Carta.
A Rússia, que sempre se mostrou oposta à adoção de sanções contra Damasco, não fazia referência alguma a medidas similares de castigo em sua proposta.
Ambas incluem o pedido realizado pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, nesta quinta-feira para que o Conselho autorize a criação da Missão de Supervisão das Nações Unidas na Síria (UNSMIS), com esses 300 observadores desarmados e com um mandato inicial de três meses.
Também pedem igualmente a Damasco que colabore com a UNSMIS para garantir sua segurança e o sucesso de seu mandato, e por isso destacam a necessidade que se garanta sua liberdade de movimento pelo país.
Tanto a Rússia como as potências ocidentais querem a ''aplicação urgente, exaustiva e imediata'' do plano de paz de Annan e solicitam a Damasco que cumpra ''visivelmente'' seus compromissos e reiteram a necessidade que se obtenha ''uma cessação imediata da violência em toda sua forma''.
Ambos lamentam a morte de milhares de pessoas e condenam as violações dos direitos humanos exercidas pelas autoridades sírias e pelos grupos armados da oposição, embora a versão ocidental faça maior incidência no tipo de abusos cometidos pelo Exército sírio.
Anteriormente, as divergências de Moscou e Pequim com os países ocidentais do Conselho de Segurança os levaram a impedir em duas ocasiões que esse órgão aprovasse uma resolução sobre o conflito sírio, o que ocorreu pela primeira vez no sábado passado, quando unanimemente autorizou o envio de uma missão avançada de observadores.
Ban Ki-moon recomendou na quinta-feira que o Conselho autorize ''rapidamente'' a criação da UNSMIS para ampliar a presença dos observadores, mas destacou que a situação na Síria é ''precária'' e o governo continua com os bombardeios de zonas civis.