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ONU pode adotar tratado para banir armas nucleares

Os defensores do tratado o enxergam como um feito histórico, mas os Estados nucleares o consideram irrealista

Armas nucleares: nenhum dos nove países que possuem armas nucleares participou nas negociações (YORICK JANSENS/Getty Images/AFP)

Armas nucleares: nenhum dos nove países que possuem armas nucleares participou nas negociações (YORICK JANSENS/Getty Images/AFP)

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AFP

Publicado em 7 de julho de 2017 às 17h58.

Última atualização em 7 de julho de 2017 às 18h12.

Um tratado de proibição de armas nucleares deve ser adotado nesta sexta-feira nas Nações Unidas, apesar da oposição da França, Estados Unidos e outras potências nucleares, o que o torna em grande parte simbólico.

Os defensores do tratado o enxergam como um feito histórico, mas os Estados nucleares o consideram irrealista, considerando que não terá nenhum impacto sobre a redução do estoque global de cerca de 15.000 ogivas nucleares.

Liderados por Brasil, Áustria, México, África do Sul e Nova Zelândia, 141 Estados participaram das três semanas de negociações do tratado, que recomenda uma proibição total do desenvolvimento, armazenamento e ameaça de uso de armas nucleares.

Seus simpatizantes esperam que o tratado aumente a pressão sobre os Estados nucleares para que levem mais a sério o desarmamento.

"Será um momento histórico", declarou a embaixadora da Costa Rica, Elayne Whyte Gomez, que preside a conferência da ONU sobre o tratado. "O mundo espera há 70 anos esta norma legal", assegurou.

Nenhum dos nove países que possuem armas nucleares - Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, China, França, Índia, Paquistão, Coreia do Norte e Israel - participou nas negociações.

Mesmo o Japão, único país a ter sofrido um ataque nuclear em 1945, boicotou as negociações, bem como a maioria dos países da Otan.

"Essa iniciativa claramente desconsidera a realidade do ambiente de segurança internacional", disseram embaixadores da ONU de Estados Unidos, Reino Unido e França.

"Esse tratado não traz nenhuma solução para a grave ameaça da Coreia do Norte, nem lida com outros desafios de segurança que tornam a disuassão nuclear necessária," disseram num pronunciamento conjunto.

Meio de dissuasão

O tratado será aplicável apenas aos Estados signatários.

Uma fonte diplomática de um dos países que se opõem a este texto acredita que "dá falsas esperanças" em relação "ao que realmente é possível para o desarmamento nuclear".

"Este tratado só irá enfraquecer o regime global de não proliferação", considera esta fonte que prefere a ideia de um desarmamento progressivo.

A embaixadora americana na ONU, Nikki Haley, declarou na abertura das negociações, em 27 de março: "Não há nada que eu queira mais para a minha família do que um mundo sem armas nucleares, mas temos de ser realistas". "Quem acredita que a Coreia do Norte irá aceitar a proibição de armas nucleares?"

As potências nucleares alegam que o seu arsenal serve de dissuasão a um eventual ataque nuclear e lembram que continuam compromissados com o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP).

Este tratado de 1968, torna os signatários responsáveis ​​pela redução de seus estoques.

A Coreia do Norte tem acelerado seu programa de armas nucleares e de mísseis apesar do TNP e testou na terça-feira pela primeira vez um míssil intercontinental.

Os Estados Unidos, apoiados por vários aliados, pediram um reforço das sanções contra Pyongyang, e sugeriram que a opção militar permanece na mesa.

Mas a impaciência é crescente entre os países não-nucleares, que denunciam o ritmo lento do desarmamento e temem que essas armas de destruição em massa acabem por cair em mãos erradas.

Durante uma sessão da Assembleia Geral da ONU, o tratado deverá ser adotado por consenso entre os Estados que o negociaram. Após a adoção, será aberto à ratificação a partir de 20 de setembro e entrará em vigor após a assinatura de 50 países.

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