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ONU pede US$ 1 bilhão para combater ebola

Órgão diz que capacidade dos países mais afetados de responder às necessidades básicas da população "chegou num ponto em que começa a afundar"

A coordenadora Valérie Amos participa de uma entrevista coletiva na sede da ONU em Genebra (Fabrice Coffrini/AFP)

A coordenadora Valérie Amos participa de uma entrevista coletiva na sede da ONU em Genebra (Fabrice Coffrini/AFP)

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Da Redação

Publicado em 16 de setembro de 2014 às 15h09.

Genebra - Quase 1 bilhão de dólares são necessários para combater o ebola no oeste africano, o dobro do valor pedido há menos de um mês, anunciou nesta terça-feira a Organização das Nações Unidas (ONU), que fala em 20.000 casos da doença até o fim do ano.

A capacidade dos três países mais afetados pela epidemia, Guiné, Libéria e Serra Leoa, de responder às necessidades básicas da população "chegou num ponto em que começa a afundar", alertou a diretora de operações humanitárias da ONU, Valérie Amos, em uma entrevista coletiva.

Dos 987,8 milhões de dólares pedidos pela ONU, quase a metade será destinada à Libéria.

A organização calcula que 22,3 milhões de pessoas vivem nas regiões onde o vírus se manifestou e precisam de ajuda.

As Nações Unidas também lançaram um apelo por uma mobilização internacional ainda "mais rápida", enquanto a comunidade internacional intensificou recentemente seus esforços, com a União Europeia (UE) querendo "recuperar o tempo perdido" e os Estados Unidos anunciando o envio de cerca de 3.000 militares americanos para o oeste africano.

Um anúncio recebido com esperança pela Libéria, país cuja existência é ameaçada pela epidemia, segundo as autoridades.

"O envio de soldados americanos na Libéria ocorre no momento em que mais precisamos. Olhem nosso país: não sabemos para onde iremos e perdemos a esperança", declarou à AFP em Monróvia um professor, Ebenezer Kollie.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que deve apresentar seu plano de ação contra o ebola durante uma visita ao Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) em Atlanta, pediu ao Congresso a aprovação de uma verba adicional de 88 milhões de dólares, o que eleva o montante total da ajuda dos Estados Unidos aos três países a 250 milhões de dólares.

Quanto à UE, pretende desbloquear cerca de 150 milhões de euros e pede a seus membros que aumentem suas contribuições até o final de setembro.

Por sua vez, a China anunciou o envio de 59 pessoas a Serra Leoa, elevando a 174 o número de trabalhadores da área da saúde neste país, onde 165 médicos e enfermeiras cubanos são esperados.

Em função da situação crítica, o Conselho de Segurança da ONU fará uma reunião de emergência na próxima quinta-feira com o objetivo de encontrar respostas em nível mundial para combater a epidemia de ebola.

A epidemia de ebola na África Ocidental, a mais grave da história desta febre hemorrágica identificada em 1976, matou mais de 2.461 pessoas dos 4.985 casos detectados, segundo o último registro desta terça-feira da OMS. Quase metade dos casos foram registrados nos últimos 21 dias.

A ONU espera que 20 mil pessoas sejam infectadas até o final do ano: 16% na Guiné, 40% na Libéria e 34% em Serra Leoa. A organização acredita que a contaminação diminuirá até o final do ano e irá parar em meados de 2015.

"Os números podem permanecer contidos na casa das dezenas de milhares de pessoas, mas isso requer uma resposta rápida", declarou o Dr. Bruce Aylward , vice-diretor-geral da OMS.

"Devemos evitar o colapso total dos sistemas de saúde dos principais países afetados", ressaltou Amos.

Enquanto a epidemia cresce exponencialmente, "não somos capazes de prever" como ela vai se espalhar, declarou a presidente da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), Joanne Liu, em Genebra.

Além disso, "enquanto milhares de pessoas morrem de ebola, muitas outras" morrem como resultado de outras doenças "porque os centros de saúde não estão mais operacionais", advertiu.

Nova reunião do comitê de emergência da OMS

Neste contexto, o Programa Alimentar Mundial (PAM) lançou uma intensificação de sua ajuda, a fim de apoiar 1,36 milhão de pessoas nas regiões mais afetadas pela crise de ebola.

Até o momento, apenas 148.000 pessoas receberam ajuda por falta de fundos para a sua distribuição.

Por sua vez, o comitê de emergência da OMS para o ebola foi encarregado nesta terça-feira de "reavaliar a situação e decidir quais medidas adicionais devem ser tomadas para reduzir a propagação internacional". Seus resultados são esperados este fim de semana.

A OMS declarou em 8 de agosto que o surto de ebola era uma "emergência de saúde pública de alcance mundial", e recomendou medidas de emergência em países afetados sem exigir uma restrição ao comércio e voos de companhias aéreas.

O presidente da CEDEAO (Comunidade Econômica dos Estados da África do Oeste), o presidente de Gana, John Mahama, pediu na segunda-feira, durante uma visita à Guiné, "a reabertura das fronteiras e retomada dos voos para os países afetados".

Não existe tratamento ou vacina contra o ebola. A segurança sanitária das duas primeiras vacinas será anunciada em novembro, após testes. Além disso, a OMS autorizou em 5 de setembro os tratamentos à base de sangue, como o soro de convalescentes.

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