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ONU pede o fim de ataques na Síria após bombardeio matar 100

O ataque de segunda-feira foi o mais violento registrado até o momento contra Guta Oriental, uma região rebelde próxima de Damasco

Síria: a oposição no exílio denunciou uma "guerra de extermínio" e criticou o "silêncio internacional" a respeito dos "crimes" (Bassam Khabieh/Reuters)

Síria: a oposição no exílio denunciou uma "guerra de extermínio" e criticou o "silêncio internacional" a respeito dos "crimes" (Bassam Khabieh/Reuters)

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AFP

Publicado em 20 de fevereiro de 2018 às 10h49.

A ONU pediu o fim imediato dos ataques contra civis na Síria depois dos bombardeios do regime contra um reduto rebelde perto de Damasco que mataram 100 pessoas, incluindo 20 crianças.

O ataque de segunda-feira foi o mais violento registrado até o momento contra Guta Oriental, uma região rebelde próxima de Damasco onde quase 400.000 pessoas vivem cercadas e em péssimas condições.

A oposição no exílio denunciou uma "guerra de extermínio" e criticou o "silêncio internacional" a respeito dos "crimes" do regime de Bashar al-Assad na guerra que começou há quase sete anos.

Os bombardeios intensos de segunda-feira mataram pelo menos 100 civis, anunciou a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). De acordo com o diretor da organização, Rami Abdel Rahman, este é o maior balanço de vítimas civis em apenas um dia nesta região desde o início de 2015

Os hospitais de várias cidades da região estavam lotados e suas equipes sobrecarregadas.

Os ataques, que também deixaram 450 feridos, são parte da ofensiva do regime para reforçar suas posições ao redor de Guta Oriental, o que permite prever uma iminente operação terrestre.

Nas últimas horas, os ataques aéreos e de artilharia prosseguiam contra várias cidades da região, cercada desde 2013 pelo regime e que sofre com a escassez de alimentos e outros produtos.

Os bombardeios contra civis "têm que parar imediatamente", afirmou o coordenador da ONU para a Ajuda Humanitária na Síria, Panos Moumtzis.

É imperativo pôr fim imediatamente a este sofrimento humano insensato", completou Moumtzis em um comunicado.

"A recente escalada de violência agrava uma situação humanitária que já é precária para os 393.000 habitantes de Guta Oriental, onde muitas pessoas estão deslocadas", explicou o coordenador da ONU.

"O regime bombardeia intensamente Guta Oriental com o objetivo de uma ofensiva terrestre", afirmou à AFP o diretor do OSDH.

"Misericórdia de Deus"

Em um necrotério de Duma, uma das cidades de Guta Oriental, Nidal chora perto do corpo de sua filha Farah. Outros pais procuram em hospitais improvisados por seus filhos, vivos ou mortos. Um homem passa mal ao encontrar o filho recém-nascido sob uma manta repleta de sangue.

Em Hamuria, civis aterrorizados tentam escapar dos ataques.

"Temos apenas a misericórdia de Deus e nossos porões, onde nos escondemos", Ala Al Dine, morador da cidade.

Em um comunicado, a coalizão opositora acusa a Rússia, aliada do regime de Damasco, de tentar "enterrar o processo político" que busca uma solução para a guerra, que desde 15 de março de 2011 deixou mais de 340.000 mortos.

Em 5 de fevereiro, o regime lançou uma ofensiva aérea de uma intensidade sem precedentes na zona. Em cinco dias, deixou 250 mortos entre os civis e centenas de feridos.

Damasco quer recuperar esta zona para pôr fim aos disparos de morteiros e foguetes dos rebeldes na direção da capital.

Desde 5 de fevereiro, mais de 20 civis morreram em bombardeios dos rebeldes em Damasco. Na segunda-feira, moradores dos bairros próximos às zonas rebeldes se preparavam para abandonar suas casas por medo de novos disparos de foguetes em caso de ataque do exército.

A guerra na Síria, que começou com a repressão brutal de manifestações que pediam reformas, se tornou um conflito extremamente complicado com o envolvimento de grupos jihadistas e potências regionais e internacionais.

Paralelamente, na região de Afrin, noroeste do país, a Turquia executa desde 20 de janeiro uma ofensiva contra uma milícia curdo-síria, as Unidades de Proteção Popular (YPG), que considera um grupo "terrorista".

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