Mulher foge de disparo de arma de fogo em Bangui: "o país está destruído", disse representante da ONU (Emmanuel Braun/Reuters)
Da Redação
Publicado em 7 de março de 2014 às 14h49.
Genebra - A secretária-geral adjunta das Nações Unidas para Assuntos Humanitários, Valerie Amos, pediu nesta sexta-feira à comunidade internacional mais atenção, mais dinheiro e mais soldados para enfrentar a crise na República Centro-Africana.
"O país está destruído, não há instituições públicas, é preciso reconstruir o sistema administrativo, judicial, os cofres estão vazios, a insegurança é crescente e acontecem ataques étnicos diariamente, é preciso atuar imediatamente", afirmou Amos em entrevista coletiva.
A alta funcionária afirmou que 2,5 milhões de pessoas, mais da metade da população de 4,6 milhões do país, necessita ajuda humanitária, mas a maioria não recebe por causa da insegurança crescente.
Desde dezembro do 2013, a violência forçou o deslocamento de quase 1 milhão de pessoas, dos quais 700 mil são deslocados internos, 232 mil só na capital, Bangui.
Cerca de 300 mil fugiram e se refugiam em países vizinhos, especialmente no Chade e em Camarões.
Os refugiados fogem da onda de violência sectária que o país vive desde que em dezembro passado começaram os enfrentamentos entre partidários muçulmanos do ex-grupo rebelde Seleka e as milícias cristãs "Anti-Balaka".
Segundo dados da ONU, desde essa data mais de 70 mil pessoas fugiram ao Chade, 62 mil à República Democrática do Congo, 28 mil a Camarões e 12 mil buscaram refúgio na República do Congo.
Amos lembrou que a situação se deteriora dia a dia e citou o dito ontem em Nova York durante uma sessão do Conselho de Segurança da ONU para tratar a crise no país africano.
No fórum, o Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres, afirmou que a maioria dos muçulmanos foi deslocada para o oeste do país, onde milhares de civis estão em risco de morrer "diante de nossos olhos".
"Desde dezembro vimos que existe uma verdadeira limpeza étnica da população muçulmana", lamentou Guterres.
O alerta aconteceu enquanto o ministro das Relações Exteriores do país, Toussaint Kongo-Doudou, solicitou ao Conselho de Segurança que aprovasse urgentemente a formação e o envio de uma força de paz.