Cubanos protestam em Madri após a morte do dissidente Wilmar Villar, em janeiro de 2012 (Pedro Armestre/AFP)
Da Redação
Publicado em 22 de maio de 2012 às 12h45.
Genebra - O Comitê da ONU que monitora o cumprimento da Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, pediu explicações a Cuba por 2400 detenções em 2012, no primeiro dia do comparecimento do país diante deste órgão nesta terça-feira em Genebra.
"Temos denúncias de 2400 detenções em 2012, das quais 420 ocorreram em março. Seriam detenções de curta duração e queremos que Cuba esclareça todos os casos", indicou à AFP Nora Sveaass, um dos dez especialistas independentes de diferentes nacionalidades que integram este Comitê, que abordou o tema durante a audiência.
Sveaass pediu também a Cuba que esclareça a morte do dissidente cubano Wilman Vilar Mendoza, condenado a 4 anos de prisão, que morreu em 21 de janeiro de 2012 após 50 dias de greve de fome na cidade de Santiago de Cuba.
O especialista espanhol Fernando Mariño Menendez, que divide com Sveaass a relatoria do Comitê na questão de Cuba, quis saber também as causas da morte do opositor Juan Soto García em 7 de maio de 2011, se sofreu violência física e se existe uma investigação oficial.
O embaixador de Cuba em Genebra, Rodolfo Reyes, indicou ao final do debate desta terça-feira que na quarta, segundo dia reservado pelo Comitê a Cuba, serão apresentadas as respostas a todos os casos.
Durante as conversas, o vice-fiscal geral de Cuba, Rafael Pino Bécquer, disse que entre os anos 2007 e 2011 foram atendidas 263 denúncias por maus tratos em centros de detenção, em razão do que "foram considerados penalmente responsáveis 46 agentes das forças de ordem".
O especialista senegalês Abdulaye Gaye criticou que a tortura não seja uma infração autônoma no Código Penal de Cuba, que haja detenções de caráter indefinido, sem prazos máximos, e pediu que a delegação de Cuba o informe se um detento pode escolher um médico para que o examine.
O japonês George Tugushi afirmou que a situação nas prisões de Cuba é de superlotação, desnutrição, higiene precária e propagação de doenças, nas quais aqueles que protestam são espancados e os detidos são forçados a se exilar.