Terremoto no Japão: os tremores matam mais que outras catástrofes naturais, diz a ONU (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 18 de janeiro de 2012 às 14h57.
Genebra - As cidades localizadas em zonas de grande atividade sísmica devem levar mais a sério o risco de um terremoto de grande magnitude e se preparar, mesmo que não tenha registrado um desastre deste tipo por um longo período.
O organismo de redução de desastres da ONU fez esta recomendação nesta quarta-feira durante uma reunião em Genebra. O encontro, que contou com participação de jornalistas, tinha objetivo de apresentar as estatísticas completas sobre as catástrofes naturais registradas no mundo em 2011, além de seu impacto econômico e humano.
Os dados, recolhidos e analisados pelo Centro de Pesquisa sobre a Epidemiologia de Desastres (CRED, na sigla em inglês), indicam que ocorreram 302 catástrofes naturais de todos os tipos, as quais resultaram na morte de 29,7 mil pessoas, afetaram mais de 206 milhões e geraram gastos de aproximadamente US$ 36 bilhões.
Dois terços das vítimas fatais registradas (aproximadamente 21 mil) foram causados por terremotos, sendo que o mais grave foi o registrado no Japão (19.846 falecidos), enquanto o restante das mortes foi registrado durante um terremoto na Turquia.
Uma peculiaridade observada em 2011 foi que os desastres com maiores impactos ocorreram em países ricos e não em Estados pobres. Os terremotos do Japão e Nova Zelândia, as inundações no Brasil e Tailândia e os furacões nos Estados Unidos podem comprovar esse fato.
No caso do Brasil, as inundações em regiões próximas ao Rio de Janeiro causaram 900 mortos, e as registradas na Tailândia geraram mais gastos: US$ 40 bilhões.
De fato, o ano de 2011 quebrou um recorde em relação às perdas materiais, que, com um custo de US$ 366 bilhões, superaram os US$ 243 bilhões calculados em 2005, o ano que registrava o maior índice até então.
Ao apresentar estes dados, a diretora do CRED, Debarati Guha-Sapir, explicou que os números divulgados não incluem o impacto humano da crise de fome, a qual foi declarada no em três regiões do sul da Somália por causa de um intenso período de seca.
A especialista lembrou que a seca e sua magnitude tinham sido previstas mais de seis meses antes da situação de crise de fome e, portanto, 'existia informação suficiente sobre essa escassez de alimentos que a população iria enfrentar'.
Debarati, por sua vez, fez duras criticas em relação a este fato, já que não foram desenvolvidas ações necessárias para evitar essa previsão e lamentou que 'o sistema de alarme de desastres não esteja vinculado com um mecanismo de resposta'.
Segundo a especialista, as crianças e adultos falecidos nesse contexto não aparecem nas estatísticas como mortos por crise de fome, mas por outras causas que relacionadas com a falta de nutrientes.