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ONU não consegue verificar ataque químico por falta de acesso

Agentes da ONU não conseguem verificar suposto ataque químico em Ghouta Oriental por não conseguirem acessar a região controlada por milícias rebeldes

Ghouta Oriental: 133 mil sírios deixaram a região no último mês, diz Acnur (Ammar Abdullah/Reuters)

Ghouta Oriental: 133 mil sírios deixaram a região no último mês, diz Acnur (Ammar Abdullah/Reuters)

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EFE

Publicado em 10 de abril de 2018 às 10h10.

Última atualização em 10 de abril de 2018 às 10h16.

Genebra - Várias agências da ONU, entre eles a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), ressaltaram nesta terça-feira que, apesar das informações que recebem sobre o suposto ataque químico na cidade síria de Duma, não podem verificá-las devido à falta de acesso.

A porta-voz da ONU em Genebra, Alessandra Vellucci, lembrou que o secretário-geral, António Guterres, disse que a organização multilateral "não está em posição de verificar estas informações" sobre o ataque químico em Duma, o que não quer dizer que as ignore.

O porta-voz do OCHA, Jens Laerke, ressaltou que as agências da ONU não estão em Duma.

"Ghouta Oriental ainda se encontra assediada. Estamos em locais fora de Ghouta Oriental aos quais temos acesso", afirmou Laerke, que indicou que existe um "mecanismo para tentar investigar o que ocorreu".

Os Estados Unidos propuseram uma resolução ao Conselho de Segurança da ONU para iniciar um novo mecanismo internacional que determine responsabilidades pelo uso de armas químicas na Síria, enquanto a Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) anunciou que investiga o ocorrido.

A Sociedade Médica Síria Americana (SAMS, na sigla em inglês) e a Defesa Civil Síria, ambas organizações apoiadas pelos EUA, apontam que pelo menos 42 pessoas morreram no último sábado com sintomas de terem sofrido um ataque com substâncias tóxicas no reduto opositor sírio de Duma.

Tanto Damasco quanto Moscou negaram o uso deste tipo de armas em Duma.

Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, pelo menos 21 pessoas morreram nesse dia por asfixia, mas como resultado do "desabamento dos edifícios" nos quais se encontravam.

A porta-voz da OMS Fadéla Chaib também afirmou que "não temos a possibilidade de verificar as alegações sobre o ataque químico na região de Duma, pois não temos os detalhes".

"Temos algumas informações de pessoas no local sobre mulheres com problemas respiratórios, mas não podemos confirmar se é devido a um ataque químico", afirmou.

Fadéla indicou que os dados com os quais a OMS trabalha são unicamente informações indiretas e lembrou que verificar ou não se aconteceu um ataque com armas químicas não está fora da alçada da organização.

O porta-voz do Unicef Christophe Boulierac disse, sem relacionar com o suposto ataque químico, que "fontes no terreno" mencionaram problemas na pele e infecções respiratórias.

Por sua vez, o assessor no Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) Andrej Mahecic expressou a preocupação do órgão pela situação em Duma, onde milhares de civis permanecem retidos.

O Acnur calcula que mais de 133 mil sírios fugiram de Ghouta Oriental durante as últimas quatro semanas, quase três vezes o número que o fez em 20 de março.

Cerca de 45 mil sírios estão sendo hospedados atualmente em oito refúgios coletivos na zona rural de Damasco.

Até agora, 44 mil mulheres, crianças e idosos conseguiram deixar os acampamentos coletivos após passarem pelos controles de segurança das autoridades sírias.

Mahecic ressaltou que cerca de 250 mil sírios precisam urgentemente de ajuda em Ghouta Oriental, enquanto a situação é similar na região de Afrin, onde o Acnur responde às necessidades de mais de 137 mil sírios deslocados desde o dia 20 de janeiro.

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