O chanceler cubano, Bruno Rodríguez, foi um dos principais criticos do modelo econômico atual (AFP/Don Emmert)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.
Nova York - O acesso ao desenvolvimento gerou debate nesta terça-feira na cúpula sobre as Metas do Milênio realizada na ONU, onde Alemanha pediu uma melhor governança nos países pobres enquanto Cuba, Venezuela ou Irã criticaram o modelo capitalista.
Os líderes do mundo reuniram-se em Nova York antes da reunião anual da Assembleia Geral para examinar o caminho percorrido desde 2000, quando o planeta impôs-se a meta de reduzir a pobreza para a metade até 2015.
Os chefes de Estado e Governo concordaram em ainda considerar o cumprimento dessa meta, mas constataram que ainda falta muito a ser feito para atingi-la.
No entanto, discordaram profundamente sobre qual é o rumo a ser tomado para conduzir ao "desenvolvimento sustentável" dos países pobres, incluindo seu acesso à saúde e à educação.
A chanceler alemã, Angela Merkel, insistiu na necessidade de esses países serem antes de tudo bem governados, dando a entender que eles devem não apenas receber ajuda, mas também ajudar a si mesmos.
"O mais importante é que o desenvolvimento sustentável e o progresso econômico e social não podem sequer serem imaginados sem uma boa governabilidade e o respeito aos direitos humanos", disse Merkel.
Segundo a chanceler, "não cabe dúvida de que devemos melhorar a eficácia dos instrumentos da política de desenvolvimento". "Para mim, a solução é evidente. Precisamos nos orientar mais para os resultados. Nesse plano, penso que os financiamentos baseados em resultados são o enfoque adequado".
"Há algo que todos devemos aceitar: a responsabilidade fundamental no desenvolvimento está nos governos dos países em desenvolvimento. A eficácia das ajudas está em suas mãos. Por isso, o apoio à boa governabilidade é tão importante como a ajuda em si mesma", disse Merkel.
De alguma forma concordando com Merkel, apesar de ter chegado a uma conclusão mais radical, Cuba afirmou, por sua vez, que todos os êxitos que puderam ser colhidos pelos países em desenvolvimento para cumprir as metas fixadas pelas Nações Unidas devem-se a seus próprios esforços, não à ajuda dos países ricos.
Cuba defendeu que o sistema capitalista é o principal culpado pelos males sociais do planeta. O chanceler Bruno Rodríguez disse que o modelo econômico internacional é "injusto e explorador, a favor dos países ricos".
"Estes progressos não dependeram da ajuda internacional dos países desenvolvidos, que é quase inexistente", afirmou o chanceler cubano, que felicitou Venezuela e Brasil por seus progressos.
A luta contra a exclusão teve êxito nesses países que divergem do modelo econômico reinante, e não no resto do mundo, disse Rodríguez. O número de pessoas que vivem na extrema pobreza aumentou 36 milhões entre 1990 e 2005 no mundo, completou.
"Que esperança podemos ter de cumprir essas metas para 2015, quando aumentam as citações à possibilidade de uma agressão militar contra o Irã?", questionou o chanceler cubano.
O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, em um discurso cuja tradução oficial pelos serviços da ONU foi objeto de controvérsia, também criticou o capitalismo e anunciou o fim iminente desse sistema.
"Agora que a ordem discriminatória do capitalismo e da hegemonia são confrontados pela derrota e se aproximam de seu fim, é necessária uma participação massiva para respeitar a justiça e as relações prósperas", disse.
O embaixador da Venezuela na ONU, Jorge Valero, disse que "a crise econômica e financeira mundial do capitalismo, dos últimos anos, gerou mais pobreza, mais desigualdade e mais injustiça".
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