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ONU investigará crimes contra a humanidade no Sudão do Sul

ONU advertiu as diferentes facções armadas que se enfrentam no Sudão do Sul que as acusações de crimes contra a humanidade serão investigadas

Sul-sudaneses desabrigados aguardam atendimento médico: Sudão do Sul é palco de intensos combates (Anna Adhikari/AFP)

Sul-sudaneses desabrigados aguardam atendimento médico: Sudão do Sul é palco de intensos combates (Anna Adhikari/AFP)

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Da Redação

Publicado em 24 de dezembro de 2013 às 08h17.

Juba - A Organização das Nações Unidas, que acolhe milhares de refugiados sul-sudaneses em suas bases e campos, advertiu as diferentes facções armadas que se enfrentam no Sudão do Sul que as acusações de crimes contra a humanidade serão investigadas.

"O mundo observa todas as partes (que se enfrentam) no Sudão do Sul", declarou na noite de segunda-feira o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, durante uma reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre a crise sul-sudanesa, num momento em que começam a ser divulgados testemunhos de assassinatos por motivos étnicos.

A ONU "investigará as acusações de graves violações dos direitos humanos e de crimes contra a humanidade", acrescentou, ao afirmar que "os responsáveis de alto nível deverão responder pessoalmente e enfrentar as consequências, mesmo se afirmarem que não estavam cientes dos ataques".

O Sudão do Sul é palco de intensos combates desde que o presidente Salva Kiir acusou seu ex-vice-presidente Riek Machar, destituído em julho, de tentativa de golpe de Estado há uma semana.

O homens de Machar, que desmente categoricamente estas alegações e acusa Kiir de querer eliminar seus rivais, tomaram duas capitais regionais estratégicas: a cidade de Bor, no estado instável de Jonglei, e Bentiu, no estado petroleiro de Unidade.

Ao menos 45.000 civis sul-sudaneses se refugiaram nas bases da ONU no país, entre eles 20.000 na capital Juba, indicou a ONU nesta terça-feira.

Para enfrentar a crise, Ban recomendou que o Conselho de Segurança envie mais 5.500 capacetes azuis para se somarem aos cerca de 7.000 já presentes no país.

Os combates e a violência étnica que atingem há uma semana o país deixaram oficialmente 500 mortos, embora os trabalhadores humanitários considerem este número inferior ao real.


O conflito já atingiu a metade dos dez estados do jovem país, independente desde 2011.

A comunidade internacional, com Nações Unidas e Estados Unidos na liderança, realizam missões diplomáticas para tentar frear a escalada de violência.

Começam a ser divulgados testemunhos sobre a violência étnica cometida pelas forças governamentais e pelos rebeldes em todo o país. O conflito tomou uma dimensão étnica, ao colocar em campos opostos os nuer, tribo de Machar, e os dinka, etnia de Kiir.

Dois nuer, refugiados em uma base da ONU, indicaram que foram presos junto com outros 250 homens por soldados sul-sudaneses, que abriram fogo contra eles em um posto da polícia em Juba. Segundo eles, simplesmente por pertencerem à mesma etnia que Riek Machar.

"Para sobreviver, tivemos que nos cobrir com os cadáveres de outros (...) Não tenho muita vontade de falar disso", declarou um deles à AFP.

O governo nega estar por trás de qualquer violência de cunho étnico.

Outros testemunhos apontam para a colocação em andamento de um esquema de violência de caráter étnico, como assassinatos e estupros, desde o início dos confrontos, no dia 15 de dezembro.

Em outras regiões do país, outras informações indicam sobre ataques dos rebeldes contra os partidários do presidente Kiir.

No estado de Jonglei um ataque contra uma base da ONU por jovens nuer terminou com a morte de dois capacetes azuis indianos. As Nações Unidas também temem que os civis dinka, refugiados no campo, tenham sido massacrados.

Em Bor, 200 km ao norte de Juba, a situação é particularmente delicada. O exército prepara o lançamento de uma ofensiva para retomar a cidade das mãos dos rebeldes.

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