Bangladesh: quase 60% dos refugiados são crianças (Damir Sagolj/Reuters)
EFE
Publicado em 17 de outubro de 2017 às 19h26.
Nações Unidas - A ONU apontou nesta terça-feira que o número de refugiados rohingyas que chegaram a Bangladesh oriundos de Myanmar desde 25 de agosto já é de 582 mil.
A organização, que um dia antes falava em 537 mil refugiados, revisou para mais seu balanço após uma nova análise, explicou o porta-voz Stéphane Dujarric em sua entrevista coletiva diária.
Os deslocados durante a atual crise se somam aos cerca de 300 mil membros desta comunidade muçulmana que já estavam em Bangladesh anteriormente.
Dujarric disse que muitos desses deslocados relataram que inicialmente tinham decidido permanecer em suas casas no estado de Rakain, apesar das ameaças, até finalmente fugirem depois de suas aldeias serem queimadas.
A região é palco de uma forte onda de violência desde o final de agosto, quando o exército de Myanmar iniciou uma operação militar em resposta a ataques de um grupo rebelde rohingya.
A ONU e outras organizações denunciaram a existência de uma campanha de limpeza étnica contra a minoria rohingya.
Segundo o Unicef, quase 60% dos refugiados são crianças e apenas 7% dos US$ 76 milhões solicitados para fornecer ajuda foram enviados.
Enquanto isso, o responsável de Assuntos Políticos das Nações Unidas, Jeffrey Feltman, finalizou nesta terça-feira uma visita a Myanmar, passando inclusive pelo conflituoso estado de Rakain.
Feltman, segundo o porta-voz, se reuniu com a líder do país, a Nobel da paz Aung San Suu Kyi, e com o principal chefe do exército, Min Aung Hlaing.
O responsável da ONU insistiu às autoridades de Myanmar na necessidade de garantir pleno acesso ao norte de Rakain às organizações humanitárias e que seja permitido o retorno voluntário e seguro de todos os refugiados.
Antes da campanha militar, estimava-se que cerca de um milhão de rohingyás viviam em Rakain, onde sofrem uma crescente discriminação desde a onda de violência sectária de 2012, que deixou pelo menos 160 mortos.
Myanmar não reconhece a cidadania dos rohingyas e os considera imigrantes bengalis, e há anos impõe a eles múltiplas restrições, inclusive a privação de deslocamentos.