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ONU e OMS prometem meios sem precedentes para combater Ebola

A epidemia não tem precedentes desde a descoberta da doença, em 1976 e continua se propagando na Libéria, país mais afetado pelo vírus


	Funcionários do hospital ELWA na capital da Libéria, Monróvia: país é o mais afetado pelo Ebola
 (Zoom Dosso/AFP)

Funcionários do hospital ELWA na capital da Libéria, Monróvia: país é o mais afetado pelo Ebola (Zoom Dosso/AFP)

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Da Redação

Publicado em 23 de agosto de 2014 às 18h56.

A ONU e a Organização Mundial de Saúde (OMS) prometeram neste sábado fornecer meios "sem precedentes" à Libéria para combater a propagação do vírus Ebola.

"Esta epidemia excepcional exige uma mobilização sem precedentes", afirmou neste sábado o coordenador da ONU para o combate do Ebola, David Nabarro, segundo um comunicado da OMS.

"Uma nova forma de coordenação permitirá garantir que os recursos adequados alcancem os setores que mais necessitam", completou.

A epidemia não tem precedentes desde a descoberta da doença, em 1976. Continua se propagando na Libéria, país mais afetado pelo vírus. Ao mesmo tempo, a morte de 13 pessoas por uma febre "de origem indeterminada" na República Democrática do Congo provoca preocupação.

A Costa do Marfim anunciou o fechamento das fronteiras terrestres com Guiné e Libéria, com o objetivo de "proteger o conjunto das populações, inclusive estrangeiras, que vivem em território marfinense".

De acordo com o registro mais recente da OMS, de 20 de agosto, foram registrados 1.082 casos na Libéria, 624 deles fatais. A Libéria é o país mais atingido pela epidemia, que também afeta Serra Leoa (392), Guiné (406) e, em menor medida, Nigéria (5). No total, 1.427 pessoas morreram.

Neste sábado, a OMS anunciou que a capital liberiana, Monróvia, terá 500 leitos adicionais para lutar contra a epidemia de Ebola no país.

"A OMS se compromete a intensificar o trabalho com os sócios para construir centros médicos adicionais em toda a Monróvia e aumentar o número de leitos para o Ebola em mais 500 nas próximas seis semanas", declarou o diretor adjunto da OMS para a Segurança Sanitária, Feiji Fukuda.

A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), que tem um centro com 120 leitos em Monróvia, informou na quinta-feira que pretende ampliar a capacidade do local para 400 no prazo de dez dias.

Ao lado, os centros federais americanos de controle e prevenção de doenças (CDC, na sigla em inglês) instalaram um laboratório de análises para determinar se os doentes foram contaminados pelo Ebola.

"Conseguimos os resultados do laboratório em três horas. Isso nos permite distinguir os pacientes que mostram sintomas similares ao Ebola, como a malária, e não colocá-los com os que estão com Ebola", explicou à AFP um coordenador da MSF, Henry Gray.

Sexta-feira na Libéria, Fukuda já havia advertido que "deter a epidemia não será fácil".

"Esperamos vários meses de trabalho árduo, vários meses para lutar contra essa epidemia", declarou Fukuda em uma entrevista coletiva em Monróvia ao lado de Nabarro.

David Nabarro desembarcou na quinta-feira no país, em plena crise de saúde, na primeira etapa de uma viagem por Libéria, Serra Leoa, Guiné e Nigéria.

A Libéria é considerada a nação menos preparada das quatro afetadas para enfrentar a epidemia, levando-se em consideração o número irrisório de médicos do país: 0,1 para 10.000 habitantes. Segundo a OMS, a média no continente é 2,6.

Além disso, o único crematório do país está lotado com dezenas de corpos recolhidos diariamente, alerta a Cruz Vermelha.

Na sexta-feira, várias fontes anunciaram os primeiros casos de Ebola no sudeste da Libéria, perto da fronteira com a Costa do Marfim. Essa era a última região do país que não havia sido atingida pela epidemia, que afeta a África Ocidental desde o início do ano - anunciou o secretário-geral do sindicato dos profissionais de Saúde do país, George Williams.

Duas pessoas morreram em Gbokon-Jelee, uma cidade do sudeste da Libéria que atrai um grande número de comerciantes de ouro, inclusive da Costa do Marfim.

- 'Estados-pária' -

A representante especial da ONU para a Libéria, Karin Landgren, advertiu que "o Ebola deve ser controlado na Libéria para garantir uma economia, um futuro e uma sociedade estáveis" para esse país, que viveu 14 anos mergulhado em uma guerra civil.

"A Missão das Nações Unidas para a Libéria (Minul) comemora a declaração da presidente de que, não importa a circunstância, a força letal não será usada de novo", disse Landgren na quinta-feira.

Ela se referiu aos confrontos, na última quarta, nos quais quatro moradores de West Point, na periferia da Monróvia, foram feridos a tiros por soldados. As forças da ordem tentavam fazer cumprir a quarentena no bairro decretada pela presidente Ellen Johnson Sirleaf.

Neste sábado, em um duro golpe para a ONU, as Filipinas anunciaram a retirada "o mais rápido possível" de seus 115 capacetes azuis que atuam nos esforços internacionais da Minul. O efetivo total é de 8.600 homens.

Em meio ao caos, o vizinho Serra Leoa disse estar "surpreso" e "chocado" com a falta de solidariedade dos países africanos. Muitos fecharam suas fronteiras com as nações afetadas. Os últimos a adotar essa medida foram Gabão e Costa do Marfim.

"Essa proibição dá a impressão de que nós somos Estados-pária", condenou o presidente da Comissão Presidencial sobre o Ebola, Ibrahim Ben Kargbo.

Também neste sábado, o governo de Camarões decidiu suspender "a importação de carnes e de animais sensíveis ao Ebola dos países infectados pelo vírus", como primatas e porcos-espinhos.

Já a Nigéria anunciou dois novos casos, os primeiros de "contaminação secundária": as esposas dos homens que tiveram contato com o funcionário liberiano de alto escalão do governo que introduziu o vírus no país.

Em Montreal, um paciente que voltou da Guiné com forte febre foi isolado em um hospital e espera os resultados dos testes de detecção do Ebola, anunciou a instituição neste sábado.

Um cidadão britânico que vive em Serra Leoa foi confirmado como contaminado pelo Ebola, informou também neste sábado, em Londres, o Departamento de Saúde.

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