Curandeira em Ruanda (Aretha Yarak/VEJA.com/Divulgação)
AFP
Publicado em 10 de junho de 2022 às 12h57.
A Organização das Nações Unidas acusou nesta sexta-feira o governo britânico de falta de honestidade em seus planos de expulsar para Ruanda os migrantes que chegaram clandestinamente ao país, independentemente de sua origem, em uma visita judicial a Londres poucos dias antes do primeiro voo de expulsão.
Uma nova e polêmica lei prevê enviar os solicitantes de asilo que chegaram ilegalmente ao Reino Unido a Ruanda, país da África Oriental, a partir de meados de junho.
O primeiro voo está previsto para 14 de junho.
A Alta Corte de Londres analisou o projeto nesta sexta-feira, denunciando por grupos de defesa dos direitos humanos e que, segundo o governo de Boris Johnson, busca dissuadir o crescente número de pessoas que cruzam ilegalmente o Canal da Mancha.
Laura Dubinsky, representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), afirmou durante a visita que o organismo está preocupado pelo risco de "danos graves e irreparáveis" aos refugiados enviados a Ruanda.
E acrescentou que a agência "não aprova em absoluto" o projeto.
"ACNUR não concorda com o pacto entre o Reino Unido e Ruanda, apesar das afirmações da ministra em sentido contrário", disse, acusando o governo britânico de fazer declarações enganosas.
Um sindicato e duas ONGs, Care4Calais e Detention Action, apresentaram na quarta-feira um recurso legal urgente, junto com quatro solicitantes do asilo, para bloquear seu envio a Ruanda.
Segundo Care4Calais, cerca de 35 sudaneses, 18 sírios, 14 iranianos, 11 egípcios e 9 afegãos que fugiram dos talibãs estão entre os mais de 130 notificados de sua possível expulsão em 14 de junho. Mais de 90 migrantes afetados apresentaram recursos judiciais para permanecer no Reino Unido.
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