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ONU denuncia medidas que alteraram Jerusalém Oriental

Segundo a organização, série de medias e políticas "contrárias ao direito internacional" está privando os 270 mil palestinos residentes de condições básicas

Jerusalém: até palestinos residentes antes da anexação por Israel precisam de permissão (Berthold Werner/Wikimedia Commons)

Jerusalém: até palestinos residentes antes da anexação por Israel precisam de permissão (Berthold Werner/Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 18 de abril de 2011 às 12h52.

Genebra - Mais de 40 anos de confisco de terras, construção de assentamentos e o levantamento de um muro por parte de Israel modificaram o status de Jerusalém Oriental e estão alterando sua demografia em prejuízo dos palestinos, denunciou nesta segunda-feira a ONU.

Uma série de medidas e políticas "contrárias ao direito internacional" está afetando "o status de residência, assim como o acesso à saúde e à educação" dos 270 mil palestinos que vivem em Jerusalém Oriental, território anexado por Israel, segundo um relatório apresentado nesta segunda-feira pelo Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha).

Apesar de Jerusalém Oriental ser tradicionalmente um centro político, comercial, religioso e cultural para os palestinos, estes sofrem desde 1967 severas restrições para residir e inclusive para circular dentro de seus limites municipais, fixados unilateralmente por Israel.

Há 20 anos, os palestinos não residentes nessa jurisdição - mas em Gaza ou na Cisjordânia - devem obter permissão para entrar, inclusive se forem a locais de culto durante o Ramadã e a Semana Santa.

Além disso, essas permissões são limitadas e, mesmo que as obtenha, seu titular tem que passar por quatro postos de controle israelenses.


Até mesmo os palestinos que já viviam em Jerusalém Oriental antes da anexação por Israel necessitam de uma permissão de residência.

Um dos autores do relatório, Ray Dolphin, explicou em entrevista coletiva que desde 1967 Israel revogou 14 mil dessas permissões.

Ele ressaltou que nem mesmo o casamento dá direito automático à residência para palestinos em Jerusalém Oriental e que "se requer um processo de reunificação que é muito custoso e virtualmente impossível desde 2003".

Segundo o relatório da Ocha, Israel também utilizou as demolições para fazer os palestinos deixarem Jerusalém Oriental.

"Cerca de 35% da terra foi confiscada por Israel para construir assentamentos e apenas 13% da área municipal está destinada a construções palestinas, por isso que há um déficit estimado de mil imóveis anuais", explicou.

Além disso, afirmou que Israel deve parar de construir assentamentos e restituir as terras que confiscou.

A responsável adjunta da Ocha em Jerusalém, Reena Ghelani, ressaltou que é momento de reagir perante a mudança demográfica que se está produzindo em Jerusalém Oriental, onde já há 200 mil colonos judeus contra uma população de 270 mil palestinos.

"É momento de resolver esta situação antes que se ameace a presença palestina em Jerusalém Oriental", acrescentou.

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