Mundo

ONU decide encerrar missão de paz no Haiti comandada pelo Brasil

A Missão da ONU para a Estabilização do Haiti foi assolada por polêmicas, entre elas a introdução do cólera na ilha e acusações de abuso sexual

Missão de paz no Haiti em 2008: "O que precisamos agora é uma missão reconfigurada que se concentre no império da lei e nos direitos humanos no Haiti", disse o embaixador britânico na ONU (Eduardo Munoz/Reuters)

Missão de paz no Haiti em 2008: "O que precisamos agora é uma missão reconfigurada que se concentre no império da lei e nos direitos humanos no Haiti", disse o embaixador britânico na ONU (Eduardo Munoz/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 13 de abril de 2017 às 16h08.

Nações Unidas - O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) votou por unanimidade nesta quinta-feira para encerrar a missão de paz de 13 anos no Haiti e substituí-la por uma força policial, que será retirada de ação depois de dois anos enquanto o país intensifica sua própria força de segurança.

A Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), uma das mais duradouras do mundo e que tem comando militar do Brasil, foi assolada por polêmicas, entre elas a introdução do cólera na ilha e acusações de abuso sexual.

O Conselho de 15 membros reconheceu a realização da eleição presidencial haitiana e a posse de seu novo presidente como um "grande marco rumo à estabilização" da nação caribenha.

"O que precisamos agora é uma missão reconfigurada que se concentre no império da lei e nos direitos humanos no Haiti", disse o embaixador britânico na ONU, Matthew Rycroft.

"As tropas pacificadoras fazem um trabalho fantástico, mas são muito caras e deveriam ser usadas só quando necessário", disse Rycroft.

"Apoiamos com entusiasmo que esta missão seja encerrada e se transforme em outra coisa. E acho que veremos a mesma coisa em todo lugar".

O fim da missão militar de 346 milhões de dólares, recomendado pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, acontece no momento em que os Estados Unidos estudam maneiras de reduzir sua contribuição às missões de paz da entidade. Washington é seu maior colaborador, pagando 28,5 por cento do orçamento total.

Existem 2.342 soldados da ONU no Haiti, que irão se retirar ao longo dos próximos seis meses. A nova missão será estabelecida inicialmente por mais seis meses, de 16 de outubro de 2017 a 15 de abril de 2018, e deve se retirar dois anos depois de seu estabelecimento.

As tropas pacificadoras da ONU foram enviadas ao Haiti em 2004, quando uma rebelião levou à saída e ao exílio do então presidente Jean-Bertrand Aristide, e compõem a única missão de paz da ONU nas Américas.

O Haiti sofreu uma crise política de dois anos até a recente eleição e posse do presidente Jovenel Moise. O país passou por grandes desastres naturais, como um terremoto em 2010 e o furacão Matthew no ano passado, mas não tem um conflito armado há anos.

A ONU não aceita a responsabilidade pelo surto de cólera desencadeado quando soldados lançaram esgoto infectado em um rio. Cerca de 9.300 pessoas morreram e mais de 800 mil adoeceram.

Acompanhe tudo sobre:Conselho de Segurança da ONUHaitiONU

Mais de Mundo

Votação antecipada para eleições presidenciais nos EUA começa em três estados do país

ONU repreende 'objetos inofensivos' sendo usados como explosivos após ataque no Líbano

EUA diz que guerra entre Israel e Hezbollah ainda pode ser evitada

Kamala Harris diz que tem arma de fogo e que quem invadir sua casa será baleado