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ONU conclui missão de paz no Haiti preocupada com a crise no país

Operação será substituída por uma missão de caráter político e fora do âmbito de manutenção da paz da ONU

Haiti: a saída da operação ocorre em plena crisei, com repetidas manifestações que já resultaram em saques, violência e mortes (Eduardo Munoz/Reuters)

Haiti: a saída da operação ocorre em plena crisei, com repetidas manifestações que já resultaram em saques, violência e mortes (Eduardo Munoz/Reuters)

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EFE

Publicado em 15 de outubro de 2019 às 15h30.

As Nações Unidas concluíram oficialmente nesta terça-feira a missão de paz no Haiti, mas com uma evidente preocupação devido à grave crise no país, que convive com protestos violentos que exigem a saída do presidente, Jovenel Moise.

"O contexto atual não é o ideal para o fim dos 15 anos de manutenção da paz no país", admitiu o chefe dos "boinas azuis" da ONU, o francês Jean-Pierre Lacroix, diante do Conselho de Segurança da organização.

Em abril deste ano, o principal órgão de decisão das Nações Unidas optou por uma última prorrogação de seis meses (até 15 de outubro) da missão, conhecida pela sigla MINUJUSTH, criada em 2017 para substituir a MINUSTAH, uma operação muito maior que permaneceu no Haiti por mais de uma década.

Agora, a MINUJUSTH - que se concentrou em apoiar melhorias na Polícia Nacional - será substituída por uma missão de caráter político e fora do âmbito de manutenção da paz da ONU.

A saída da operação ocorre em plena crise no Haiti, com repetidas manifestações contra Moise que já resultaram em saques, violência e mortes.

O Haiti não tem um governo efetivo desde março, com o bloqueio do Parlamento por parte da oposição, mas a situação nas ruas se complicou desde agosto em resposta a problemas de desabastecimento de combustíveis.

A corrupção, a escassez de combustível, a fome e a insegurança exacerbaram a crise, que está paralisando todas as atividades na região de Porto Príncipe e em outras cidades do país há quase quatro semanas.

Lacroix avisou que a crise ameaça os progressos alcançados nos últimos anos e ressaltou que a responsabilidade de dar um fim à situação é dos próprios haitianos.

O representante da ONU disse considerar que a formação de um governo de união nacional proposta por Moise pode ser uma solução, mas advertiu que a exigência da oposição (de que o presidente precisa sair) deixa pouca margem à negociação.

Lacroix avisou também sobre o impacto da crise na situação de segurança. Há uma estimativa inicial de 30 mortos nos protestos entre 15 de setembro e 9 de outubro, a metade deles agentes da polícia.

"Neste contexto difícil, o encerramento da MINUJUSTH não representa uma saída das Nações Unidas do Haiti. Pelo contrário, levará a continuar o apoio da ONU ao Haiti, de outra forma", frisou.

Embora defenda os avanços alcançados ao longo dos 15 anos nos quais os "boinas azuis" estiveram presentes no país, Lacroix reconheceu que ainda são "frágeis".

A embaixadora americana em relação na ONU, Kelly Craft, ressaltou que, dada a atual conjuntura, é fundamental que haja uma transição adequada da MINUJUSTH à missão política e pediu mais apoio econômico da comunidade internacional para o país.

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