Mundo

ONU comemora avanços em negociações sobre mudança climática

Bonn - O responsável das Nações Unidas sobre Mudança Climática, Yvo de Boer, comemorou o fato de a rodada de negociações em Bonn, na Alemanha, que terminou hoje, ter alcançado "avanços importantes", apesar das críticas dos países em desenvolvimento. O grupo da ONU formado atualmente por 130 países em desenvolvimento criticou a minuta apresentada pelo […]

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h37.

Bonn - O responsável das Nações Unidas sobre Mudança Climática, Yvo de Boer, comemorou o fato de a rodada de negociações em Bonn, na Alemanha, que terminou hoje, ter alcançado "avanços importantes", apesar das críticas dos países em desenvolvimento.

O grupo da ONU formado atualmente por 130 países em desenvolvimento criticou a minuta apresentada pelo grupo de trabalho da Convenção-Quadro da ONU sobre a Mudança do Clima e a qualificou de "desequilibrada".

De Boer, em sua última entrevista coletiva como secretário-executivo da convenção - cargo no qual será substituído em julho pela costarriquenha Christiana Figueres - insistiu, no entanto, em que o texto não foi rejeitado por nenhuma das delegações reunidas em Bonn.

"O grupo disse que não está contente com o texto, mas acrescentou que voltará para seguir negociando e conseguir que ele seja mais equilibrado", afirmou De Boer, que falou também sobre o descontentamento da União Europeia (UE) com o documento.

Representando a Presidência espanhola de turno da UE, a diretora do Escritório de Mudança Climática da Espanha, Alicia Montalvo, fez alusão, na sessão de clausura, à "preocupação" do bloco europeu com a falta de "urgência" no debate sobre os objetivos de cada país e de clareza nos planos das nações em desenvolvimento.

"Não é uma surpresa que alguns pensem que não é o documento perfeito. Mas estão dispostos a trabalhar nele", disse De Boer.

A principal crítica dos países em desenvolvimento é que o texto omite a possibilidade de que o Protocolo de Kioto, que expira em 2012, seja ampliado para um segundo prazo, e aponta a criação de um novo instrumento legal.

De Boer reconheceu que a sobrevivência do Protocolo de Kioto "depende de se os Estados Unidos estão dispostos ou não a adotarem metas de redução de emissões (de gases que agravam o efeito estufa)", que equiparem o país ao resto das nações industrializadas que ratificaram o documento.

O responsável da ONU sobre mudança climática destacou que a minuta apresentada em Bonn como base das negociações mostra que há uma "aproximação" quanto a questões como o financiamento para os países em desenvolvimento, a adaptação ao aquecimento global, a redução do desmatamento e a transferência tecnológica.

De Boer espera que da cúpula do México saia uma "arquitetura operacional" e funcional suscetível de ser transformada em um tratado legal um ano depois, na reunião na África do Sul, e que reflita uma visão conjunta sobre a estratégia no longo prazo na luta contra a mudança climática.

Por sua parte, as ONGs se dividiram entre as que viram sinais de progresso nas negociações e as que criticaram com contundência a omissão no texto da possibilidade de ampliar o Protocolo de Kioto, como fez a organização Action Aid.

As ONGs recorreram a jargões de futebol, coincidindo com a estreia da Copa do Mundo na África do Sul, para pedir aos "jogadores" das equipes negociadoras que "façam um gol" na luta contra a mudança climática.

Os representantes do Greenpeace afirmaram que os países devem "melhorar seu jogo" para que, no "segundo tempo" das negociações, seja aberto o caminho para a vitória em Cancún.

Os ativistas disseram que os "jogadores estão em uma melhor forma" que no ano passado, apesar de alguns seguirem dando "voltas sem saber onde está o gol". E, enquanto a UE mantém "seus melhores jogadores no banco", os EUA seguem discutindo se "sair de vestiário é fundamental para se jogar a partida".

A Oxfam e o Fundo Mundial para a Natureza (WWF, na sigla em inglês), por sua parte, afirmaram que apesar de ainda haver muito a fazer antes de Cancún, a rodada de Bonn devolveu "a esperança" ao processo negociador.

O assessor em política climática da Oxfam, Antonio Hill, disse que, embora haja a possibilidade de conseguir um "progresso real" em Cancún, as negociações ainda estão baseadas na "falta de vontade política dos países mais poderosos e ricos".

A Convenção-Quadro da ONU sobre a Mudança do Clima realizará uma nova rodada de negociações formais de 2 a 6 de agosto em Bonn e outra em outubro na China, ainda sem uma data específica, antes da reunião no México no final do ano.

Acompanhe tudo sobre:Aquecimento globalClimaONUProtocolo de Kyoto

Mais de Mundo

Sobe para 25 o número de mortos em explosões de walkie-talkies do Hezbollah

Exército do Líbano detona dispositivos de comunicação 'suspeitos' após onda de explosões

Parlamento Europeu reconhece Edmundo González Urrutia como presidente eleito da Venezuela

Colômbia suspende diálogo com ELN após ataque a base militar