Faltando elementos de pressão contundentes contra a Síria, o Conselho só pode aspirar uma resolução de condenação da atuação repressiva do regime de Bashar al Assad (Fabrice Coffrini/AFP)
Da Redação
Publicado em 27 de fevereiro de 2012 às 15h55.
Genebra - O Conselho de Direitos Humanos da ONU pediu nesta segunda-feira uma autorização do regime de Damasco para as operações humanitárias que permitam assistir e socorrer à população civil afetada pela espiral de violência na Síria.
Faltando elementos de pressão contundentes contra a Síria, o Conselho só pode aspirar uma resolução de condenação da atuação repressiva do regime de Bashar al Assad - outra mais - ou a redobrar as chamadas pelo final da violência.
Com Rússia e China exercendo seu poder de veto no Conselho de Segurança contra ações concretas contra o governo sírio, a esta instância das Nações Unidas só lhe resta ecoar as críticas e tornar-se fórum de debate sobre o banho de sangue no país árabe.
A iniciativa mais recente é um debate que será realizado nesta terça-feira com caráter de urgência, por iniciativa do Catar e de outros países do Golfo Pérsico, e que conta com o respaldo dos Estados Unidos e da União Europeia (UE), e a rejeição expressa do Irã, que formulou 'uma objeção formal' à iniciativa.
O ministro de Relações Exteriores iraniano, Ali Akbar Salehi, disse que a dinâmica atual no Conselho responde ao 'nervosismo' dos estados ocidentais ao ver o resultado da 'queda de seus ditadores amigos' no norte da África, e alertou contra as 'medidas ilegais e coercitivas' que querem aplicar na Síria.
Salehi acusou as nações ocidentais de apoiar grupos terroristas para acabar com governos incômodos como o sírio e pediu ao Conselho que condene o assassinato de vários cientistas iranianos relacionados com o programa nuclear do Irã.
Além do Irã, que é apenas observador do Conselho (formado de maneira rotatória por 47 países), a Rússia, e previsivelmente a China, impedirão a adoção de um novo texto.
O secretário de Estado de Relações Exteriores do Reino Unido, Jeremy Browne, falou em nome dos países que mais pressionam em favor de ações concretas contra Damasco, a cujos responsáveis advertiu que responderão por seus atos perante a Justiça internacional.
No mesmo dia que a UE aprovou em Bruxelas novas sanções econômicas contra Damasco, o ministro de Exteriores francês, Alain Juppé, também defendeu a possibilidade de uma intervenção do Tribunal Penal Internacional (TPI).
Apesar da distância nas posturas, a presidente do Conselho de Direitos Humanos e embaixadora do Uruguai, Laura Dupuy, expressou seu desejo que o debate sirva para 'transmitir uma sólida e unânime mensagem da comunidade internacional que condene a violência e a repressão pela força da dissidência e da população civil em geral'.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e a Sociedade do Crescente Vermelho síria estão negociando com os atores armados no país, até agora sem sucesso, a entrada de seu pessoal para fornecer ajuda essencial aos moradores das áreas bloqueadas pelas forças de segurança, e propiciar uma trégua de duas horas diárias.