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ONU: Austrália deve evitar crise humanitária entre refugiados

Os migrantes, convidados a ser dirigir para centros de "transição", se negam porque temem por sua segurança

Protesto em Sydney contra o tratamento dado aos refugiados na Ilha de Manus (David Gray/Reuters)

Protesto em Sydney contra o tratamento dado aos refugiados na Ilha de Manus (David Gray/Reuters)

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AFP

Publicado em 2 de novembro de 2017 às 13h17.

A ONU fez uma apelo nesta quinta-feira (2) ao governo australiano a evitar uma situação de "emergência humanitária" em um campo de detenção de refugiados instalado pela Austrália na Papua Nova Guiné.

O centro localizado na ilha de Manus, no Pacífico, para deter os refugiados enquanto analisam sua solicitação de asilo, foi fechado na terça-feira após ser declarado contrário à Constituição pela Suprema Corte de Papua Nova Guiné.

No entanto, 600 homens se entrincheiraram apesar das autoridades terem cortado o fornecimento de água e energia elétrica, e os mantimentos começarem a acabar.

Os migrantes, convidados a ser dirigir para centros de "transição", se negam porque temem por sua segurança.

Os defensores dos refugiados falam da hostilidade dos habitantes em sua presença.

"A Agência da ONU para os Refugiados (Acnur) reitera o seu chamado a impedir que uma situação de emergência humanitária se desenvolva na ilha de Manus", indicou um comunicado.

A situação "é cada vez mais tensa e instável", assinalou o organismo, explicando que não havia capacidade suficiente para acolher a totalidade de migrantes já que um dos centros de "transição" não estava pronto.

No campo, os migrantes "escavam o solo para tentar encontrar água", declarou o iraniano Behrouz Boochani em sua conta no Twitter.

"Os dias passam sem água nem eletricidade, e acredito que a tensão vá se agravar", disse à AFP Lam Nai Jit, representante do Acnur.

"A população local não foi preparada" para esta situação, disse. "Isso cria um entorno de alto risco para as duas partes", acrescentou.

Os refugiados temem ser desalojados à força do campo controlado desde quarta-feira pela Marinha de Papua Nova Guiné.

No entanto, o comandante da base naval Begsy Karaki negou no jornal Post-Courier que fossem ser "evacuados à força".

O ministro australiano de Imigração, Peter Dutton, declarou que os novos centros eram "uma alternativa muito melhor" e que deviam "fechar Manus o quanto antes".

A Austrália propõe aos refugiados de Manus se instalarem definitivamente em Papua, serem transferidos para um centro de detenção no microestado insular de Nauru, serem levados a outro país como o Camboja, ou voltar ao seu país.

Nos últimos dias ressurgiu a possibilidade de que os refugiados sejam acolhidos pela Nova Zelândia, uma opção que foi apresentada em 2013.

A nova primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Arden, declarou nesta quinta-feira que queria falar sobre Manus com seu contraparte australiano, Malcolm Turnbull.

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