Agência de notícias
Publicado em 9 de outubro de 2025 às 13h13.
Horas após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar que o acordo para a primeira fase de seu plano de paz para a Faixa de Gaza foi alcançado, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que a organização está pronta para “ampliar imediatamente” a entrega de ajuda humanitária no enclave.
Em pronunciamento à imprensa nesta quinta-feira, Guterres classificou o pacto como um “avanço desesperadamente necessário” que “deve abrir caminho para pôr fim à ocupação” e “alcançar a solução de dois Estados”.
"Todos nós esperamos tempo demais por este momento. Agora, precisamos fazer com que ele realmente valha a pena. Exorto todas as partes a cumprirem integralmente os termos do acordo, e a abraçarem plenamente as oportunidades que ele apresenta. Todos os reféns devem ser libertados de forma digna. É preciso garantir um cessar-fogo permanente. O derramamento de sangue precisa parar", disse.
O acordo foi alcançado no Egito após dias de negociações entre as partes em conflito com base na proposta de Trump.
O Gabinete israelense estará reunido nas próximas horas para aprovar formalmente a proposta, segundo relatos de um funcionário israelense ouvido pela Bloomberg, acrescentando que tropas do Exército começarão o recuo de suas posições nas 24 horas seguintes ao início da trégua.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou a medida como “uma vitória nacional e moral para o Estado de Israel”.
O Hamas deverá devolver todos os 48 reféns restantes mantidos em Gaza, 20 dos quais estariam vivos. Em troca, Israel deve libertar quase 2 mil prisioneiros palestinos e permitir o aumento da entrada de ajuda humanitária no enclave por meio de agências das Nações Unidas e outros organismos internacionais.
Segundo a AFP, pelo menos 400 caminhões com ajuda humanitária deverão entrar na região nos primeiros cinco dias de cessar-fogo, com a previsão de aumento nos dias posteriores. A informação ainda não foi confirmada pelas partes.
"As Nações Unidas oferecerão total apoio. Nós e nossos parceiros estamos prontos para agir agora. Temos a expertise, as redes de distribuição e as relações comunitárias necessárias para entrar em ação. Os suprimentos estão prontos e nossas equipes, em estado de alerta. Podemos ampliar imediatamente a assistência com alimentos, água, medicamentos e abrigo", afirmou Guterres, sem detalhar a entrega.
Pouco depois, o Crescente Vermelho Egípcio afirmou que 153 caminhões com ajuda humanitária estão a caminho da Faixa de Gaza nesta quinta-feira. Duas fontes da organização ouvidas pela AFP confirmaram que os suprimentos “passaram pela passagem fronteiriça de Rafah em direção ao ponto de Kerem Shalom para entrar” no enclave. O comboio inclui, entre outros, 80 caminhões da ONU, 21 do Catar e 17 do Crescente Vermelho.
Este foi o primeiro avanço diplomático alcançado na região após meses de tentativas fracassadas de pôr fim à guerra, que devastou o território palestino, deixou mais de 67 mil mortos em Gaza e desestabilizou o Oriente Médio. Do lado israelense, o conflito deixou mais de 1,2 mil mortos após o ataque sem precedentes do Hamas em 7 de outubro de 2023. Ao todo, mais de 1,1 mil soldados israelenses foram mortos nos dois anos de ofensiva, segundo dados do Ministério da Defesa de Israel divulgados pelo Jerusalem Post.
"Jamais podemos esquecer o custo humano insuportável deste conflito. Lamento profundamente todas as vidas perdidas, incluindo as de integrantes da ONU e de trabalhadores humanitários, e rendo homenagem a nossos colegas que continuam a atuar com coragem e compaixão em condições de risco extremo", afirmou Guterres, relembrando os mais de 500 trabalhadores humanitários mortos na guerra.