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ONU alerta sobre poder de grupos alinhados ao EI na Líbia

Em um relatório, o organismo internacional acusa todas as partes em conflito de cometer violações regulares dos direitos humanos e crimes de guerra


	Líbia: "grupos que proclamaram aliança com o chamado EI ganharam e consolidaram seu controle sobre partes de território"
 (GettyImages)

Líbia: "grupos que proclamaram aliança com o chamado EI ganharam e consolidaram seu controle sobre partes de território" (GettyImages)

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Da Redação

Publicado em 16 de novembro de 2015 às 13h50.

Túnis - A ONU alertou nesta segunda-feira que os grupos jihadistas alinhados ao Estado Islâmico (EI) consolidaram seu controle no território líbio, onde se aproveitam da divisão política no país.

Em um relatório da Missão de Apoio da ONU para a Líbia (UNSMIL) e do Escritório da ONU para os Direitos Humanos, o organismo internacional acusa todas as partes em conflito de cometer violações regulares dos direitos humanos e crimes de guerra.

"Neste marco de ilegalidade, desordem e combates, grupos que proclamaram aliança com o chamado EI ganharam e consolidaram seu controle sobre partes de território, cometendo graves abusos, como execuções públicas sumárias por causa de religião ou pensamento político. O relatório também documentou punições cruéis como amputações e chicotadas, praticados por estes grupos", acrescentou.

O relatório insiste que não são apenas esses grupos jihadistas que cometem abusos, mas também o restante das milícias que combatem no país, tanto as alinhadas ao governo em Trípoli como as leais a seu rival em Tobruk.

"A Líbia segue envolvida em um conflito político e em violência mortal, com múltiplos conflitos armados que afetam várias regiões e que contribuem para uma ruptura generalizada da lei e da ordem. Parece que todas as partes na Líbia que cometeram violações da lei humanitária internacional, e algumas poderiam ser incluídas na categoria de crimes de guerra", explica o documento.

Entre essas violações se destacam os abusos sofridos por civis, em particular os deslocados internos, os defensores dos direitos humanos, os migrantes, os refugiados e os solicitantes de asilo.

Foram documentados "bombardeios indiscriminados sobre áreas civis, sequestros de civis, torturas, execuções, destruição deliberada da propriedade", indicou.

"As facções em conflito na Líbia demonstram pouca preocupação em evitar ou minimizar a morte de civis, feridos e danos a alvos, como hospitais e centros de amparo. A violência causou dezenas de mortos, deslocamentos maciços e crise humanitária em várias regiões da Líbia. Aqueles que são detidos são vulneráveis à tortura e outras formas de maus-tratos que se praticam de forma impune e em algumas ocasiões causam a morte em custódia", informa o documento.

O relatório também denuncia o maior grau de perigo ao qual estão expostos os refugiados, solicitantes de asilo e emigrantes em geral, principalmente os que chegam à Líbia fugindo da guerra e da fome em países da África Subsaaariana.

"Muitos são vítimas de formas de violência brutais, coerção e abusos dos traficantes ao longo da rota, assim como na casa de conexão, na qual esperam para seguir à Europa. Muitos são torturados para extorquir mais dinheiro de suas famílias, o que parece ser uma ação coordenada entre os grupos criminosos nos países de origem e os que organizam o tráfico", acrescentou.

"Certo número de migrantes e solicitantes de asilo que estão em 'casas de conexão' recebem pouca comida e alguns denunciaram que as mulheres sofrem abusos sexuais", ressaltou o levantamento.

O relatório insta, por último, "aqueles que têm um controle efetivo no terreno a agir de forma imediata para conter as violações dos direitos humanos e da lei internacional humanitária".

"Os abusos e a violência continuarão, a menos que se alcance sem demora um acordo político baseado no respeito aos direitos humanos e ao Estado de direito".

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