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ONU alerta para risco de mortes em massa por fome na África

A organização teme que a situação seja pior que a da fome de 2011, que provocou mais de 260.000 mortos no Chifre da África

Fome: a situação atual é o resultado de múltiplos fatores: seca, falta de fundos e os conflitos, que provocam deslocamentos em massa (Oli Scarff/Getty Images)

Fome: a situação atual é o resultado de múltiplos fatores: seca, falta de fundos e os conflitos, que provocam deslocamentos em massa (Oli Scarff/Getty Images)

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AFP

Publicado em 11 de abril de 2017 às 16h26.

A fome pode provocar mortes em massa no Chifre da África, Iêmen e Nigéria, alertou nesta terça-feira a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

"O risco de mortes em massa provocadas pela fome na população do 'Chifre da África', do Iêmen e da Nigéria cresce", declarou o porta-voz da Acnur, Adrian Edwards, em Genebra.

A ONU teme que a situação seja pior que a da fome de 2011, que provocou mais de 260.000 mortos no Chifre da África, dos quais mais da metade eram crianças menores de cinco anos.

"É preciso evitar a qualquer preço que isso se repita", disse o porta-voz do ACNUR, lamentando o fato de esta crise parecer quase "inevitável", apesar de que "podia ter sido evitada".

A situação atual é o resultado de múltiplos fatores: seca, falta de fundos e os conflitos, que provocam deslocamentos em massa, explicou Edwards.

Somália, Sudão do Sul, Iêmen e Nigéria são afetados por uma grave seca e, além disso, são vítimas da violência ou de conflitos armados. A ONU pediu à comunidade internacional 4,4 bilhões de dólares para enfrentar a fome que ameaça estes países.

A ONU recebeu até o momento 21% deste valor, ou seja, 984 milhões de dólares, indicou um porta-voz do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), Jens Laerke.

"Sem fundos para comprar alimentos, as porções distribuídas diminuem", apontou a Acnur em um comunicado. No Djibuti, estas diminuíram 12%; Na Tanzânia e Ruanda, entre 20% e 50%, e em Uganda, até 50%.

"Agora"

A situação humanitária pode piorar, e mais ainda tendo em conta que as crianças, mais frágeis, representam a maioria dos refugiados, segundo a ONU.

No Sudão do Sul, por exemplo, quase 100.000 pessoas têm que enfrentar a fome atualmente, mas quase um milhão de pessoas estão à beira da fome, segundo o ACNUR.

No Iêmen, atingido pela maior crise humanitária do mundo, 17 milhões de pessoas (60% da população) passam fome.

Por outro lado, sete milhões de pessoas estão afetadas pela insegurança alimentar na Nigéria, onde a situação é especialmente negativa no nordeste do país, afetado pela insurreição jihadista do grupo extremista Boko Haram.

A situação também é "muito, muito desesperadora" na Somália, indicou David Hermann, coordenador do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICR) nesse país.

"A resposta deveria ser dada agora, do contrário (...) as pessoas morrerão de fome", declarou a jornalistas.

Os problemas de acesso, principalmente no Iêmen, mas também em algumas partes do Sudão do Sul, dificultam as tarefas dos trabalhadores humanitários, explicou Jens Laerke. "Precisamos ter acesso às pessoas necessitadas" e "fundos para prevenir a fome", insistiu.

"É urgente responder a estas necessidades agora", enquanto que os deslocamentos não param de aumentar na região, afirmou Adrian Edwards. Além disso, o ACNUR está revisando seus dados de deslocados na África, acrescentou.

Neste sentido, a ONU espera que cerca de 180.000 pessoas procedentes do Sudão do Sul cheguem neste ano ao Sudão. A estimativa inicial era de 60.000.

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