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ONU alerta para ampla guerra sectária no Iraque e na Síria

Insurgentes radicais islâmicos abertamente sequestram, torturam e matam civis, disseram investigadores de direitos humanos da Organização das Nações Unidas


	Placa do EIIL: militantes sobrepujaram o Exército do governo iraquiano e tomaram o controle do norte do país
 (Reuters)

Placa do EIIL: militantes sobrepujaram o Exército do governo iraquiano e tomaram o controle do norte do país (Reuters)

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Da Redação

Publicado em 17 de junho de 2014 às 10h37.

Genebra - O Oriente Médio parece estar à beira de uma guerra sectária envolvendo Iraque e Síria, com insurgentes radicais islâmicos abertamente sequestrando, torturando e matando civis, disseram investigadores de direitos humanos da Organização das Nações Unidas em um relatório divulgado nesta terça-feira.

Militantes do Estado Islâmico do Iraque e o Levante (EIIL) sobrepujaram o Exército do governo iraquiano e tomaram o controle do norte do país na semana passada, ligando-o com uma grande faixa de território previamente tomada no leste da Síria durante a guerra civil no país vizinho.

A alta comissária de direitos humanos da ONU, Navi Pillay, disse na segunda-feira que forças aliadas ao EIIL no norte do Iraque haviam quase certamente cometido crimes de guerra ao executarem centenas de homens não combatentes nos últimos cinco dias.

Um relatório divulgado nesta terça-feira pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU afirma que militantes jihadistas sunitas e recursos estrangeiros haviam adentrado a Síria, onde facções, incluindo o EIIL, estão abertamente cometendo abusos contra civis em zonas controladas por elas. “Uma guerra regional no Oriente Médio fica ainda mais próxima.

Eventos no vizinho Iraque terão violentas repercussões na Síria”, disseram os investigadores no relatório. “O número crescente de combatentes radicais tem como alvo não apenas comunidades sunitas sob seu controle, mas também minorias, incluindo os xiitas, os alauítas, os cristãos, os armênios, os drusos e os curdos”, afirmou o documento sobre a Síria.

Sua referência à interação de militantes sunitas com civis também sunitas inclui a pressão sobre as mulheres para que sigam a sharia (lei religiosa islâmica) e atos de vingança contra sunitas que haviam servido no governo sírio.

A minoria étnica alauíta, do presidente sírio, Bashar al-Assad, domina a Síria há decadas. A etnia é uma ramificação do Islã xiita.

Sequestro em massa

O relatório disse que o EIIL sequestrou quase 200 civis curdos em um ataque na cidade síria de Aleppo no fim de maio. Muntarbhorn disse que o EIIL estava lutando contra outros grupos rebeldes na Síria mais do que combatendo o governo sírio.

“O EIIL tem se mostrado disposto a atiçar as chamas do sectarismo, tanto no Iraque quando na Síria. Qualquer fortalecimento de sua posição é motivo de grande preocupação”, segundo o relatório.

Pelo menos 160 mil pessoas foram mortas na Síria no conflito que já dura três anos e que começou com manifestações pacíficas contra o presidente Bashar al-Assad, e mais tarde degenerou para uma guerra civil.

Quanto ao Iraque, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, está considerando opções de ação militar para apoiar o governo iraquiano, isolado em Bagdá, mas não tomou decisões sobre a resposta dos EUA à ofensiva do EIIL no norte do país.

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