Refugiados na Sérvia: "A situação é imprevisível, há muitos fatores em jogo e por isso é preciso estar preparado para o caso de chegarem dezenas ou centenas de milhares" (Reuters / Marko Djurica)
Da Redação
Publicado em 25 de agosto de 2015 às 09h39.
Zagreb - A ONU pediu a Sérvia para se preparar para uma situação "imprevisível" com dezenas ou centenas de milhares de refugiados em trânsito rumo à União Europeia (UE), quando cerca de dez mil já se encontram no país balcânico e marcham para a Hungria.
"A situação é imprevisível, há muitos fatores em jogo e por isso é preciso estar preparado para o caso de chegarem dezenas ou centenas de milhares", declarou Hans Friedrich Schodder, chefe da missão sérvia da Agência das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), ontem à noite na televisão pública sérvia "RTS".
Ele advertiu que os números calculados até agora podem ser superados.
Segundo estimativas da missão dirigida por Schodder, 180 mil imigrantes, a metade deles não registrados oficialmente, passaram pela Sérvia desde o começo de 2015, mas a maior onda é a dos últimos dias.
Desde Genebra, a Acnur antecipou hoje que três mil pessoas, entre imigrantes e refugiados, cruzarão diariamente à Sérvia nos próximos dias, após entrarem na Europa pela Grécia e atravessarem a Macedônia.
Cerca de 10 mil pessoas, a maioria vinda de áreas em conflito do Oriente Médio, estão na Sérvia a caminho da União Europeia, onde tentam entrar sobretudo pela Hungria, segundo a imprensa sérvia.
"Esta grande onda mais recente de refugiados sairá do país, estimam as autoridades, até a noite de quarta-feira", segundo o jornal "Dnevnik", de Novi Sad, sede da província sérvia de Voivodina.
Mas enquanto grande parte das pessoas que chegam nem busca de asilo deixa o país pelo norte, pelo sul continuam a entrar outros milhares vindos da Macedônia.
A imprensa sérvia tem publicado fotos de refugiados ocupando os parques da cidade de Presevo, de Belgrado, e de Kanjiza, perto da fronteira húngara.
Por enquanto, Schodder disse que não cabe falar de uma crise na Sérvia, porque Belgrado reagiu rápida e adequadamente ao problema, com a ajuda de várias organizações.
Por enquanto, os refugiados se dirigem desde o sul da Sérvia rumo à fronteira com a Hungria, que está construindo uma cerca para impedir a passagem deles.
Apesar de a cerca planejada inicialmente, de quatro metros de altura e 175 quilômetros de extensão, só terminar de ser instalada em novembro, Budapeste espera concluir esta semana o cabo na fronteira com a Sérvia de um chamado "fechamento técnico", uma cerca provisória de um metro e meio de altura.
Especula-se que, assim que a cerca na fronteira húngaro-sérvia estiver pronta, os refugiados tentarão chegar através da Croácia, que é membro da UE, mas não da zona de Schengen (livre do controle interno de fronteiras), à Hungria ou a Eslovênia.