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ONU acusa Exército do Sudão do Sul de queimar mulheres vivas

No relatório, os investigadores denunciam "violações generalizadas dos direitos humanos", incluindo estupros e assassinatos de meninas e mulheres em suas casas


	Mulher caminha em rua deserta no Sudão do Sul: O exército sul-sudanês, iniciou em abril ofensiva contra as forças rebeldes no departamento de Mayom, região petroleira importante antes da destruição provocada pela guerra
 (AFP)

Mulher caminha em rua deserta no Sudão do Sul: O exército sul-sudanês, iniciou em abril ofensiva contra as forças rebeldes no departamento de Mayom, região petroleira importante antes da destruição provocada pela guerra (AFP)

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Da Redação

Publicado em 30 de junho de 2015 às 11h15.

O Exército do Sudão do Sul estuprou e queimou vivas mulheres e meninas em suas casas, denuncia a ONU em um relatório publicado nesta terça-feira sobre os horrores da guerra civil que devasta o país há um ano e meio.

No relatório, os investigadores denunciam "violações generalizadas dos direitos humanos". O documento é baseado nos depoimentos de 115 vítimas e testemunhas do estado de Unidade (norte), um dos mais afetados pela guerra civil.

"Algumas das acusações mais preocupantes se referem ao sequestro e aos abusos sexuais cometidos contra mulheres e meninas. Algumas delas foram queimadas em suas casas", afirma a Missão de Assistência das Nações Unidas na República do Sudão do Sul (Minuss).

O exército sul-sudanês, SPLA, iniciou em abril uma ofensiva contra as forças rebeldes no departamento de Mayom, que era uma região petroleira importante antes da destruição provocada pela guerra.

"Os sobreviventes dos ataques afirmaram que o SPLA e suas milícias aliadas do departamento de Mayom executaram uma campanha contra a população local, matando civis, saqueando e destruindo vilarejos, além de provocar o deslocamento de mais de 100.000 pessoas", afirma o documento da ONU.

Os investigadores declararam que receberam informações sobre ao menos nove incidentes distintos em que "mulheres e crianças foram queimadas em tukuls (cabanas) depois de serem estupradas".

Também foram registrados dezenas de casos de violência sexual e vários relatos de estupros de mulheres diante de seus filhos.

As fotografias do relatório mostram as cabanas incendiadas.

Uma testemunha disse ter visto soldados do governo "estuprar uma mãe que estava amamentando seu bebê".

A intensificação dos combates também foi marcada por "acusações de assassinato, estupro, sequestro, saques, incêndios e deslocamento de populações", aponta o relatório.

As forças rebeldes também cometeram atrocidades, que incluem estupros, assassinatos e recrutamento de crianças-soldados.

O exército, que nega repetidamente as acusações de violação dos direitos humanos, não respondeu ao relatório da ONU, que foi transmitido às autoridades antes da publicação.

A ONU indicou que tentou visitar os lugares onde ocorreram as atrocidades relatadas pelas testemunhas, mas o exército negou o acesso.

A guerra no Sudão do Sul, que obteve sua independência há quatro anos, em 9 de julho de 2011, começou em dezembro de 2013 com combates entre duas facções do exército, dividido pela rivalidade entre o presidente Salva Kiir e o ex-vice-presidente Riek Mashar.

Diversas milícias se uniram a cada lado, com confrontos marcados por massacres de caráter étnico.

Dois terços dos 12 milhões de habitantes do Sudão do Sul necessitam de ajuda humanitária, segundo a ONU, e um sexto precisou fugir de suas casas.

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