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ONU: 2023 foi o ano mais mortal para os migrantes em uma década

Organização afirma que mais de 8 mil pessoas morreram em rotas migratórias de todo o mundo no último ano

Migrantes atravessam o Rio Grande em Ciudad Juarez, no México, em 29 de fevereiro de 2024 (AFP Photo)

Migrantes atravessam o Rio Grande em Ciudad Juarez, no México, em 29 de fevereiro de 2024 (AFP Photo)

AFP
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Agência de notícias

Publicado em 6 de março de 2024 às 13h38.

Última atualização em 6 de março de 2024 às 13h39.

Mais de 8.500 pessoas morreram em rotas migratórias de todo o mundo em 2023, o ano mais mortal já registrado, embora o balanço real seja muito mais alto, informou nesta quarta-feira, 6, a Organização Internacional para as Migrações (OIM) da ONU.

"O número de mortos de 2023 representa um trágico aumento de 20% em comparação com 2022, o que destaca a necessidade urgente de tomar medidas para evitar uma maior perda de vidas", informou a OIM em comunicado.

Segundo os números da OIM, ao menos 8.565 pessoas morreram em rotas migratórias de todo o mundo em 2023.

Foi o ano mais mortal desde que foi criado o Projeto Migrantes Desaparecidos da OIM, em 2014, uma base de dados pública sobre mortes e desaparecimentos de migrantes.

O total do ano passado também supera o recorde alcançado em 2016, quando 8.084 pessoas morreram durante a migração.

"Ao comemorarmos os 10 anos do Projeto Migrantes Desaparecidos, primeiro nos lembramos de todas essas vidas perdidas", disse o vice-diretor-geral da OIM, Ugochi Daniels.

"Cada uma delas é uma terrível tragédia humana que impactará famílias e comunidades nos próximos anos".

Mediterrâneo, a rota mais mortal

A OIM destaca que devido à falta de vias migratórias seguras e regulares, centenas de milhares de pessoas enfrentam rotas perigosas e ilegais, navegando o Mar Mediterrâneo em pequenas embarcações, se arriscando pela selva de Darién, na fronteira entre a Colômbia e o Panamá, ou atravessando o deserto do Saara.

A travessia do Mediterrâneo continua sendo a rota mais mortal para os migrantes, com ao menos 3.129 mortos e desaparecidos registrados no ano passado. Este é o maior número de mortos registrado neste ponto de passagem desde 2017.

A nível regional, houve um número recorde de mortes de migrantes na África, onde foram registradas 1.866 mortes, e na Ásia, onde ocorreram pelo menos 2.138.

"Na África, a maioria destas mortes ocorreram no deserto do Saara e na rota marítima que conduz às Ilhas Canárias", observou a OIM.

Na Ásia, "no ano passado foram relatadas centenas de mortes de refugiados afegãos e rohingyas que fugiram dos seus países de origem", explicou a organização.

Mais da metade do total de mortes de migrantes em 2023 resultaram de afogamentos, 9% foram causadas por acidentes de veículos e 7% pela violência.

Desde que a base de dados foi criada, mais de 63.000 casos foram registrados em todo o mundo, embora o número real seja estimado como muito mais elevado devido às dificuldades na coleta de dados, especialmente em locais remotos.

"Estes números horríveis coletados pelo Projeto Migrantes Desaparecidos são também um lembrete de que devemos renovar o compromisso com uma ação mais ampla, que possa garantir uma migração segura para todos, para que em 10 anos as pessoas não tenham de arriscar as suas vidas em busca de uma melhor".

Junto a outras organizações e como coordenadora da Rede das Nações Unidas sobre Migração, a OIM insta os governos e comunidade internacional a "trabalhar juntos para evitar mais perdas de vidas humanas e a defender a dignidade e os direitos de todos os indivíduos".

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