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ONGs pedem veto à lei que pune gays em Gâmbia

Organizações pediram ao presidente da Gâmbia vetar uma nova norma que prevê prisão perpétua para quem "cometer atos homossexuais com agravantes"


	Gâmbia: modificação do Código Penal foi anunciada recentemente pelas autoridades
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Gâmbia: modificação do Código Penal foi anunciada recentemente pelas autoridades (wikimedia commons)

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Da Redação

Publicado em 10 de setembro de 2014 às 13h47.

Nairóbi - As organizações defensoras dos direitos humanos Anistia Internacional e Human Rights Watch pediram nesta quarta-feira ao presidente da Gâmbia, Yahya Jammeh, vetar uma nova norma que prevê penas de prisão perpétua para quem "cometer atos homossexuais com agravantes".

A modificação do Código Penal, anunciada recentemente pelas autoridades da Gâmbia, contribuirá para aumentar o clima de terror na comunidade LGBT deste pequeno país da África Ocidental, informaram as ONGs citadas em um comunicado conjunto.

A Assembleia Nacional gambiana aprovou a lei que modifica o Código Penal no último dia 25 de agosto, e o presidente - que no passado tachou os homossexuais de "animais" - conta com 30 dias para assiná-la ou devolvê-la ao parlamento para sua revisão.

Apesar das relações consentidas entre pessoas do mesmo sexo já figurarem como crime na Gâmbia, esta nova norma introduzirá penas ainda mais duras aos homossexuais.

Além disso, a acusação de homossexualidade "com agravantes", que poderia resultar em prisão perpétua, não ficou bem definida após a modificação legal e, por isso, poderia abrir espaço para abusos de autoridade.

"Agressores reincidentes" e os gays com o HIV serão os mais suscetíveis a esta nova cláusula legal, que, inclusive, viola as convenções internacionais em matéria de direitos humanos.

A polêmica em torno dessa nova legislação é similar à chamada "lei anti-homossexual" de Uganda, cancelada pela Justiça do país no último mês de agosto.

"A Assembleia Nacional da Gâmbia e o presidente não deveriam apoiar esta homofobia patrocinada pelo Estado", advertiu o diretor adjunto da Anistia Internacional no Oeste e Centro da África, Stephen Cockburn.

Para o diretor da área de Direitos da comunidade LGTB da Human Rights Watch (HRW), Graeme Reid, "esta nova lei estigmatizará pessoas que já estão marginalizadas e vivem em um clima de profundo terror".

Perante a Assembleia geral das Nações Unidas, o presidente gambiano declarou há um ano: "Aqueles que promovem o "homossexualismo" querem acabar com a humanidade; está se transformando em uma epidemia que muçulmanos e africanos devem combater".

"Lutaremos contra estes animais chamados homossexuais ou gays da mesma forma que lutamos contra os mosquitos causadores da malária, se não de forma mais agressiva", reforçou o presidente gambiano na ocasião.

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