Nível da fome é extremamente alarmante na República Centro-Africana (Oli Scarff/Getty Images)
AFP
Publicado em 14 de outubro de 2018 às 12h21.
O nível de fome continua preocupante em cerca de 60 países, de acordo com um índice global da ONG irlandesa Concern Worldwide e da alemão Welthungerhilfe.
Em 51 países, o nível é grave ou alarmante (seria o caso do Chade, Iêmen, Madagascar, Zâmbia ou Serra Leoa) e extremamente alarmante na República Centro-Africana, segundo este relatório, que a organização humanitária italiana Cesvi apresentou esta semana em Milão.
As ONGs também disseram estar preocupadas com a situação de sete países (Somália, Burundi e Síria, entre outros) nos quais só puderam coletar dados parciais.
No total, 124 milhões de pessoas sofrem de fome aguda no mundo, enquanto 151 milhões de crianças sofrem de desnutrição e atraso de crescimento e 51 milhões de fraquezas.
Apesar destes dados preocupantes, houve uma melhora: entre 2000 e 2018, o World Hunger Index, realizado em 119 países, caiu de 29,2 para 20,9.
Progressos foram feitos em Angola, Etiópia, Ruanda, Sri Lanka e Bangladesh, principalmente.
Mas dos 79 países presentes na classificação que apresentavam um nível de fome moderada, grave, alarmante e extremamente alarmante, apenas 29 atingirão a meta Fome Zero em 2030.
A situação é preocupante no sul da Ásia (índice de 30,5) e na África subsaariana (29,4), onde os níveis de desnutrição da população e mortalidade infantil são inaceitáveis, segundo Cesvi.
Na República Centro-Africana, a taxa de desnutrição é de 91,8%, enquanto que na Somália é de 50,6% e no Zimbábue é de 46,6%.
Na Somália, a taxa de mortalidade infantil antes dos 5 anos é de 13,3%, no Chade, 12,7% e na República Centro-Africana, 12,4%.
"A ação combinada da comunidade internacional, governos e sociedade civil é necessária para enfrentar a crise alimentar nas regiões do mundo onde a situação ainda é alarmante, mas responder de maneira urgente não é suficiente: precisamos aumentar os investimentos e promover programas de desenvolvimento de longo prazo ", disse a diretora-geral do Cesvi, Daniela Bernacchi, em uma conferência.
"A fome é a causa e a conseqüência das migrações forçadas", disse Valeria Emmi, coordenadora do Cesvi.
Segundo ela, é necessário "enfrentar a fome e o deslocamento como problemas políticos".
"Desastres naturais - secas, inundações, etc. - levam à fome e ao deslocamento somente quando os governos não estão preparados ou dispostos a agir, devido à falta de capacidade ou devido a negligência deliberada", enfatizou Emmi.
Dos 68,5 milhões de pessoas que tiveram que deixar sua casa em todo o mundo, 40 milhões se deslocaram dentro do próprio país.
"A abordagem deve ser holística e de longo prazo, já que a duração média do deslocamento é de 26 anos", conclui Emmi.