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ONG Human Rights Watch denuncia forte repressão no Egito

A entidade de defesa dos direitos humanos denunciou as "violações flagrantes" dos direitos humanos, cometidas pelo governo

O presidente do Egito, Abdel Fattah al Sisi: o ofereceu "impunidade quase total pelos abusos das forças de segurança", diz ONG (ATTILA KISBENEDEK/AFP)

O presidente do Egito, Abdel Fattah al Sisi: o ofereceu "impunidade quase total pelos abusos das forças de segurança", diz ONG (ATTILA KISBENEDEK/AFP)

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Da Redação

Publicado em 8 de junho de 2015 às 20h30.

Cairo - A ONG de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) denunciou nesta segunda-feira as "violações flagrantes" dos direitos humanos, cometidas pelo governo do presidente egípcio, Abdel Fattah al Sisi, em seu primeiro ano de mandato.

De acordo com a ONG, o presidente e seu governo ofereceram "impunidade quase total pelos abusos das forças de segurança", assim como novas "leis severamente restritivas para os direitos civis e políticos".

"Nenhum membro das forças de segurança foi considerado responsável pelas numerosas mortes de manifestantes depois da destituição militar de Mursi", denunciou a ONG.

Sisi foi eleito presidente em maio de 2014 e prestou juramento há exatamente um ano. Na prática, o ex-chefe do Exército foi um dos homens fortes do Egito desde que o presidente islamita Mohamed Mursi foi destituído, em julho de 2013.

Os defensores dos direitos humanos acusam Sisi de instaurar um regime ainda mais repressivo do que o de Hosni Mubarak, ex-presidente deposto em 2011 por um levante popular. Desde a destituição do presidente Mursi, policiais e soldados celebram perseguições sangrentas contra toda oposição, seja islamita, laica ou de esquerda.

O presidente Sisi "supervisiona as flagrantes violações dos direitos humanos desde sua chegada ao poder, há um ano", denunciou a HRW, que lamenta o silêncio dos Estados Unidos e dos governos europeus sobre o caso.

O ex-chefe das forças armadas egípcias goza de boa popularidade entre grande parte da população, que vê nele o único homem capaz de relançar uma economia em crise e por um fim à instabilidade política que reina no país desde 2011.

Cerca de 2.600 pessoas foram assassinadas nas violentas revoltas que se seguiram à expulsão de Mursi, das quais 1.250 eram seguidores seus e 700 membros das forças de segurança, segundo o Conselho Nacional dos Direitos Humanos, um órgão de Estado citado pelo HRW.

A ONG, com sede em Nova York, também denuncia uma lei polêmica, que limita o direito de manifestação e permitiu que dezenas de personalidades das revoltas de 2011 fossem presas e condenadas.

"O governo de Sisi age como se, para restabelecer a estabilidade, fosse necessária uma dose de repressão sem precedentes há décadas no Egito, mas o remédio está sendo pior do que a doença", denunciou a organização.

Centenas de policiais e soldados morreram em atentados reivindicados por grupos jihadistas que dizem agir em resposta à repressão sofrida pelos seguidores de Mursi.

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