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ONG afirma que 185 ecologistas for assassinados em 2015

"Em 2015, mais de três pessoas por semana morreram assassinadas por defender sua terra, suas florestas e seus rios diante de indústrias destrutivas"


	Berta Cárceres: entre os ecologistas assassinados, o relatório destaca a dirigente indígena hondurenha Berta Cáceres
 (Goldman Environmental Foundation)

Berta Cárceres: entre os ecologistas assassinados, o relatório destaca a dirigente indígena hondurenha Berta Cáceres (Goldman Environmental Foundation)

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Da Redação

Publicado em 20 de junho de 2016 às 11h05.

Washington - Um total de 185 defensores do meio ambiente foram assassinados em 2015 no mundo, segundo um relatório publicado nesta segunda-feira pela ONG Global Witness.

"Em 2015, mais de três pessoas por semana morreram assassinadas por defender sua terra, suas florestas e seus rios diante de indústrias destrutivas", afirma o documento, intitulado "Em terreno perigoso".

O dado dos 185 assassinatos "representa, com muito, o número anual de vítimas mortais mais alto registrado, além de um aumento de 59% com relação a 2014", ressalta a ONG, com sedes em Washington e Londres.

Segundo o estudo, "as graves restrições informativas que existem fazem com que, sem dúvida, o número real seja ainda maior".

No ano passado, os países mais perigosos para os defensores do meio ambiente foram Brasil, com 50 mortes, e Filipinas, com 33, que representam "números nunca vistos nestes países", segundo os pesquisadores da Global Witness.

Também se sobressaíram Colômbia (26 mortes), Peru (12), Nicarágua (12) e República Democrática do Congo (11).

Entre os ecologistas assassinados, o relatório destaca a dirigente indígena hondurenha Berta Cáceres, que morreu em março pelas mãos de homens armados que derrubaram a porta da casa na qual se hospedava na cidade da La Esperanza, no oeste de Honduras.

Entre as principais causas dos crimes figuram a luta contra projetos mineiros (em 42 casos), da agroindústria (20), a poda (15) e os projetos hidrelétricos (15).

"Cada vez é mais comum que as comunidades que cuidam do assunto se encontrem no ponto de mira da segurança privada das empresas, das forças estatais e de um mercado florescente de matadores de aluguel", diz o encarregado de campanhas da Global Witness, Billy Kyte, em comunicado.

"Por cada assassinato que documentamos, há muitos outros que não são denunciados. Os governos devem intervir urgentemente para deter este espiral de violência", acrescenta Kyte.

A Global Witness faz ênfase na notável vulnerabilidade dos povos indígenas, "cujos frágeis direitos sobre a terra e isolamento geográfico os transformam no alvo habitual.

Quase 40% das vítimas de 2015 pertenciam a organizações indígenas.

Por países, o relatório ressalta a situação do Brasil, onde "a luta para salvar a Amazônia cada vez mais está se convertendo em uma luta contra grupos delinquentes que aterrorizam as populações locais a pedido das empresas madeireiras e os funcionários aos quais corromperam".

A Global Witness calcula que 80% da madeira do Brasil é extraída de maneira ilegal e que esta representa 25% da madeira ilegal existente no mercado mundial.

"Uma grande parte dela, posteriormente, é vendida a compradores dos Estados Unidos, Europa e China, contribuindo para um dos índices de desmatamento mais altos do mundo", acrescenta a nota.

Na opinião de Kyte, "os assassinatos que ocorrem em aldeias mineiras remotas ou no coração de selvas tropicais e ficam impunes são fruto das decisões que tomam os consumidores da outra ponta do mundo".

À parte do Brasil, a ONG adverte também sobre "a situação cada vez pior dos povos indígenas da Colômbia e Nicarágua, cuja terra e recursos naturais estão sendo saqueados por poderosos interesses políticos e empresariais".

A fim de solucionar o problema, a Global Witness pede aos governos dos países afetados a "aumente a proteção dos ativistas da terra e o meio ambiente que estão em perigo de sofrer atos de violência, intimidação ou ameaças".

Também advoga, entre outras recomendações, por "investigar os crimes, incluindo seus 'cérebros' corporativos e políticos à parte dos assassinos, e levar os autores perante a justiça".

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