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ONG acusa curdos de destruir povoados árabes no Iraque

As forças curdas também impedem os residentes árabes que fugiram de seus lares a retornarem às zonas recuperadas


	Iraque: as forças curdas também impedem os residentes árabes que fugiram de seus lares a retornarem às zonas recuperadas
 (Safin Hamed/AFP)

Iraque: as forças curdas também impedem os residentes árabes que fugiram de seus lares a retornarem às zonas recuperadas (Safin Hamed/AFP)

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Da Redação

Publicado em 20 de janeiro de 2016 às 08h56.

Cairo - A Anistia Internacional (AI) acusou nesta quarta-feira as forças curdas peshmergas e as milícias que as apoiam de terem "demolido, explodido e incendiado milhares de casas" de populações de etnia árabe que vivem no território controlado pelos curdos no norte do Iraque, e garantiu que dispõe de imagens de satélite que comprovam esse fato.

Em um relatório intitulado "Desterrados e Despossuídos: Deslocamento Forçado e Destruição Deliberada no Norte do Iraque", a AI fundamenta sua denúncia com um trabalho de campo em 13 localidades e cidades e com os testemunhos de mais de 100 pessoas.

"O deslocamento forçado da população civil e a destruição deliberada de casas e propriedades sem uma justificativa militar podem constituir crimes de guerra", afirmou no relatório a assessora geral da AI sobre resposta às crises, Donatella Rovera.

Além disso, segundo a organização, as forças curdas impedem os residentes árabes que fugiram de seus lares a retornarem às zonas recuperadas.

A AI situou os deslocamentos forçados e as destruições nas províncias de Ninawa, Kirkuk e Diyala, que os peshmergas recuperaram do controle do Estado Islâmico (EI) entre setembro de 2014 e março de 2015.

A ONG acusa forças curdas, milícias yazidis e grupos armados curdos da Síria e da Turquia de terem cometido esses atos "em uma tentativa evidente de expulsar as comunidades árabes como represália por seu suposto apoio ao EI".

A AI também denuncia que suas intenções passam por "consolidar conquistas territoriais em zonas de disputa" que a região do Curdistão reivindica como suas.

Além disso, a ONG assinala que esses atos são "parte de uma tentativa de reverter abusos cometidos no passado pelo regime de Saddam Hussein, que causou o deslocamento forçado de curdos e colonizou a região com população árabe".

Para Donatella, o governo regional do Curdistão "não deve punir comunidades inteiras por crimes cometidos por alguns de seus integrantes, ou com base em suspeitas vagas, discriminatórias e infundadas de que os árabes apoiam o Estado Islâmico".

Um dos testemunhos revelados pela AI é o de Maher Nabul, pai de 11 filhos que fugiu de sua cidade, Tabaj Hamid, em agosto de 2014, e acusou os peshmergas de "arrasar" sua cidade.

"O único que sei é que, quando os peshmergas recuperaram a cidade, as casas estavam de pé. Não podíamos retornar, mas era possível ver claramente à distância. Em seguida, eles demoliram a cidade, não sei por qual motivo. Não restou nada. Destruíram tudo sem qualquer motivo", afirmou Nabul, segundo o relatório.

Em sua investigação, a responsável da AI também pede ao governo curdo que "acabe imediatamente com a destruição ilegítima de casas e propriedades civis", e indicou que o mesmo "deve oferecer reparação plena a todos os civis cujas casas tenham sido demolidas ou saqueadas" para que estes possam retornar o mais rápido possível.

No mês de outubro do ano passado, a AI assegurou que as autoridades curdo-sírias tinham forçado milhares de civis a deixarem suas casas na Síria e demoliram imóveis em locais sob seu domínio nas províncias de Al Hasaka e Al Raqqa. 

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