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Onda de protestos no Zimbábue já deixou mais de 170 feridos

Os protestos contra o aumento dos combustíveis, que passou de US$1,38 para US$ 3,31. começaram na segunda-feira

Protestos contra o aumento do preço dos combustíveis no Zimbábue (Philimon Bulawayo/Reuters)

Protestos contra o aumento do preço dos combustíveis no Zimbábue (Philimon Bulawayo/Reuters)

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EFE

Publicado em 17 de janeiro de 2019 às 10h44.

Harare - Pelo menos 172 pessoas foram tratadas em centros médicos, 68 delas com ferimentos a bala, depois dos protestos que começaram na segunda-feira no Zimbábue pelo aumento do preço do combustível e que deixaram pelo menos oito mortos, informou nesta quinta-feira a ONG Médicos do Zimbábue pelos Direitos Humanos.

A organização revelou os números de pacientes que foram tratados apenas quatro dias e especificou que pelo menos 17 pessoas foram operadas entre a vida ou morte.

Os protestos começaram na segunda-feira, depois que o Congresso de Sindicatos do Zimbábue (ZCTU) convocou uma greve diante do aumento do preço do combustível - que duplicou - e a piora da situação econômica do país, que vive a falta de dólares, a divisa de uso comum.

Após três dias de greve, os zimbabuanos fazem fila hoje em lojas e comércios que reabriram, já que temem que a situação piore.

"Estivemos muito ocupados. Desde que abrimos pela manhã foi o caos", disse à Agência Efe um açougueiro em Mount Pleasant, um dos subúrbios mais movimentados da capital zimbabuana, Harare.

No mercado PicknPay, próximo a este açougue, os moradores fazem filas com bolsas e cestas da compra.

Muitos zimbabuanos não contavam com o sucesso desta greve, que já atingiu bancos, colégios e comércios de todo o país e não só na capital e Bulawayo, as duas principais cidades do Zimbábue.

O presidente zimbabuano, Emmerson Mnangagwa, impôs uma interrupção de 30 horas de internet na terça-feira para tentar minguar o apoio à greve, que foi coordenada por ativistas nas redes sociais.

Devido a esta interrupção, muitos grupos de direitos humanos não puderam alertar sobre a repressão das forças de segurança nos bairros de Harare, por isso que a informação sobre o número de feridos e mortos ainda não é oficial.

"Como resultado desta repressão, supostamente oito pessoas morreram pelas mãos das forças de segurança e 200 foram detidas arbitrariamente", informou a Anistia Internacional (AI) em comunicado na terça-feira.

Além disso, 600 pessoas foram detidas, das quais 214 já compareceram diante da Justiça, segundo a televisão estatal "ZBC".

Estes protestos sucedem enquanto Mnangagwa realiza uma viagem pela Europa e a Ásia Central que acabará no Fórum Econômico Mundial de Davos (Suíça) na semana que vem para conseguir investimento estrangeiro que alivie a dura situação econômica de seu país, isolado durante quase 40 anos de Governo do ex-presidente Robert Mugabe.

"Peço calma e paz a todos nossos irmãos e irmãs. Somos uma nação com uma única missão", indicou Mnangagwa em comunicado ontem, no qual precisou que "não pode haver nenhuma justificativa para a violência".

No sábado, o líder subiu o preço do litro de gasolina de US$ 1,38 a US$ 3,31.

E o litro de diesel passou de cerca de US$ 1,45 a US$ 3,11, que se podem pagar em notas promissórias emitidas pelo Governo pela escassez de dólares dos Estados Unidos - a divisa utilizada no país.

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