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Onda de demissões provoca temor de golpe na Tunísia

Quatro ministros se demitiram nas últimas 24horas; temor é que exército parta para um golpe militar

Protestos na Tunísia: medo que a Revolução de Jasmin acabe com um golpe militar (Christopher Furlong/Getty Images)

Protestos na Tunísia: medo que a Revolução de Jasmin acabe com um golpe militar (Christopher Furlong/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 14 de junho de 2011 às 19h34.

Túnis - A onda de demissões que se produziram nas últimas 24 horas no Governo de transição tunisiano trouxe o temor de uma intervenção militar na vida política do país, como manifestou nesta terça-feira um dos ministros demissionários, Ahmed Najib Chebbi.

Chebbi, quem até hoje ocupava a pasta de Desenvolvimento Regional, declarou em entrevista coletiva estar preocupado com a possibilidade de se produzir na Tunísia um vazio de poder, se o Executivo de transição e as forças da oposição não conseguirem alcançar um acordo que assente as bases do novo processo político do país.

O político tunisiano, líder do Partido Democrático Progressista (PDP), explicou que no próximo dia 17 expira o mandato do presidente interino do país, Fouad Mebazaa, e que nas conversas que manteve com o novo primeiro-ministro, Beji Caid Essebsi, este lhe comunicou que por enquanto não decidiu convocar pleito presidencial, mas uma Assembleia Constituinte.

De acordo com Chebbi, esta situação poderia provocar "um vazio de poder" que levaria o Exército a assumir a condução do país mediante um golpe de Estado.

"Tenho medo de que a Revolução dos Jasmins (como ficou conhecido o movimento que em 14 de janeiro depôs ao presidente tunisiano, Zine El Abidine Ben Ali) se transforme em um golpe de Estado", declarou.

Chebbi ressaltou que Essebsi tinha informado que os ministros do atual Governo de transição não poderão se apresentar como candidatos nas próximas eleições.

"Isto não é normal e demonstra ignorância política. Eu proponho eleições presidenciais em junho, o novo presidente dissolveria o atual Parlamento e seriam convocadas novas eleições", afirmou o político tunisiano.

"Apoio a ideia da Assembleia Constituinte e de uma nova Constituição, mas sou contra substituirmos as eleições presidenciais por um pleito constituinte como primeiro passo", ressaltou Chebbi.

"Este tipo de pleito levará o país a uma situação perigosa e nos dará um rumo muito incerto", acrescentou.

O Executivo de transição tunisiano sofreu quatro perdas nas últimas 24 horas.

Além de Chebbi, nesta terça-feira renunciou o ministro da Educação Superior, Ahmed Ibrahim, enquanto na segunda-feira, deixaram seus cargos os ministros da Indústria e da Cooperação Internacional, ambos pertencentes à Reunião Constitucional Democrática (RCD), o partido de Ben Ali.


À renúncia destes quatro ministros é preciso acrescentar a de domingo do próprio chefe do Governo, Mohamed Ghannouchi, quem não conseguiu suportar a enorme pressão social.

Após um fim de semana de violência extrema nas ruas da capital tunisiana, com enfrentamentos contínuos entre as forças de segurança e grupos de manifestantes que exigiam a renúncia de Ghannouchi, ele resolveu deixar o cargo.

Essebsi, de 85 anos e estreitamente vinculado aos círculos tradicionais do poder no país também não foi bem aceito pela oposição, que o considera uma figura do antigo regime sem muita capacidade de liderar uma transição política.

No entanto, parece que o alvo das críticas continua sendo Ghannouchi, a quem Chebbi responsabilizou pela situação de caos criada desde a formação do Governo de transição.

Chebbi disse que foi Ghannouchi quem fez "fracassar o Governo de transição por sua forma dubitativa e obscura" de governar.

Por outro lado, o partido islâmico En-Nahda foi legalizado oficialmente nesta terça-feira pelo Ministério do Interior tunisiano, informaram à Efe fontes desta legenda.

O En-Nahda permaneceu 23 anos na clandestinidade e, desde 1991, sofreu uma grande campanha de repressão, que levou à prisão muitos de seus dirigentes e militantes e obrigou outros a viver no exílio.

Há um mês, o líder da legenda, Rashid Ghannouchi, chegou à Tunísia para participar do processo político iniciado após a revolução que em 14 de janeiro derrubou Ben Ali.

O partido anunciou que em breve convocará um congresso nacional para estudar as formas de se integrar novamente à vida política da Tunísia.

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