Manifestantes contrários aos militares realizam protesto contra o comandante das Forças Armadas, Abdel Fattah al-Sisi, na praça Talaat Harab, no Cairo (Amr Abdallah Dalsh/Reuters)
Da Redação
Publicado em 24 de janeiro de 2014 às 17h00.
Cairo - Uma onda de atentados com bombas abalou o Cairo nesta sexta-feira e causou a morte de seis pessoas na véspera do terceiro aniversário do levante que derrubou o autocrata Hosni Mubarak, o que elevou o medo de que uma insurgência islamita esteja ganhando força no país.
A violência evidenciou a dificuldade das autoridades para podar a violência de militantes que vêm desafiando cada vez mais o Estado desde a derrubada do presidente Mohamed Mursi, político islamita, em julho.
No atentado mais grave, um carro-bomba explodiu em um complexo do setor de segurança na região central do Cairo na madrugada e matou pelo menos quatro pessoas, incluindo três policiais, disseram fontes da segurança.
Elas afirmaram que o atentado foi obra de um homem-bomba, mas imagens divulgadas por um canal de TV egípcio mostram um homem saindo de uma van e indo para outro veículo. Minutos depois a van explode.
Um outro atentado, no bairro de Dokki, matou uma pessoa. Uma explosão perto de um cinema na estrada para a Pirâmide de Giza, na periferia do Cairo, também provocou uma morte.
Confrontos na capital e várias outras cidades entre partidários e forças de segurança, nos quais morreram 11 pessoas, também elevaram a tensão no Egito, maior país do mundo árabe.
Nenhum grupo reivindicou a autoria do atentado na Direção de Segurança do Cairo ou dos outros ataques, mas eles têm todas as marcas de terem sido realizados por militantes que pretendem derrubar o governo apoiado pelos militares.
O primeiro-ministro Hazem el-Beblawi condenou os atentados, em um comunicado, no qual disse que foram uma tentativa de "forças terroristas" de prejudicar o plano político do governo, com o apoio dos militares, de reconduzir o país a eleições livres e justas.
No fim do dia, um helicóptero militar sobrevoou várias vezes o centro do Cairo, o que aumentou a preocupação de que um novo ataque pudesse ocorrer a qualquer momento.
As autoridades egípcias estão se preparando para mais violência durante o aniversário da derrubada de Mubarak, quando grupos políticos rivais devem sair às ruas, incluindo partidários do chefe do Exército, general Abdel Fattah al-Sisi, que depôs Mursi, bem como membros da Irmandade Muçulmana e liberais.